Memória (1)

O véu da noiva

Algumas pessoas pensam que o chamado “véu da noiva” – uma referência à “Noiva da Colina” – seriam as águas que caem do Mirante, próximo ao Engenho Central, no rio Piracicaba. É um equívoco.

O “véu da noiva” é a bruma das noites piracicabanas, gotículas de água que sobem do salto quando o rio está cheio. A expressão foi usada pelo poeta Brasílio Machado, quando, num de seus poemas, chamou Piracicaba de “Noiva da Colina”.

Saber ler e escrever

A vocação de Piracicaba para o conhecimento nasce com as suas próprias origens. No ensaio de Daniel Pedro Muller, “Quadro Estatístico da Província de São Paulo”, citado por Mário Neme em sua “História da Fundação de Piracicaba”, há números do ano de 1836, que confirmam essa característica piracicabana.

Naquele ano, Piracicaba contava 10.291 habitantes e tinha o maior número de pessoas, em toda a Província, que sabiam ler e escrever: 395 de seus moradores! Para se avaliar o que isso significava, Itu e Porto Feliz – que tinham mais habitantes, respectivamente 11.146 e 11.193 moradores – tinham 166 e 124 pessoas que sabiam ler e escrever. Curitiba, com 16.157 habitantes, tinha apenas 152 pessoas alfabetizadas.

Luz elétrica

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Piracicaba foi uma das pioneiras em luz elétrica. (imagem: Pixabai)

Piracicaba foi uma das pioneiras em luz elétrica, muito antes de qualquer cidade de país sul-americano e mesmo de alguns países europeus. Isso se deveu a Luiz Vicente de Souza Queiroz que, no século passado, em visita aos Estados Unidos, se impressionou com os benefícios da energia elétrica. Com contrato com o Município, Luiz de Queiroz aceitou o desafio de instalar uma usina de energia elétrica. Contratou maquinário norte-americano e o engenheiro eletricista T. Alvim Call. A usina foi construída à margem esquerda do rio, defronte à Ilha dos Amores, com duas turbinas com 250 cavalos de força e três dínamos Thompson & Houston.

A usina de energia elétrica foi inaugurada no dia 6 de setembro de 1893.

O traçado das ruas

Das cidades paulistas com mais de 150 anos, Piracicaba é a que tem o traçado de ruas mais diferenciado, numa organização de arruamento que ainda surpreende. O arruamento inicial foi feito por José Caetano da Rosa – o Alferes José Caetano, que dá nome a uma das ruas centrais – iniciando um plano de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, que deu nome também à Rua do Vergueiro.

O arruamento feito por José Caetano previa o “cruzamento de todas as ruas em ângulos retos, formando quadras ou quarteirões de 40 braças”. Esse plano, de forma geral, foi obedecido à maneira que a povoação foi crescendo e ainda nos nossos dias.

 

[Este conteúdo foi publicado no “Almanak de Piracicaba”, editado pelo jornalista Cecílio Elias Netto, do jornal impresso “A Província”, que circulou como suplemento do jornal “A Tribuna Piracicabana”. Para este projeto, foram elaborados vários fascículos ao longo do período de novembro de 1995 a agosto de 1997.]

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