Tempos em que se tabelava de comida a hotéis

Aconteceu nos anos 50, mais precisamente em 1954. Diante do descontrole de preços que o país enfrentava, veio a tentativa de tabelamento. Em março daquele ano, o então prefeito Samuel de Castro Neves, baseado em Lei Municipal e dentro das atribuições previstas para a Comissão Municipal de Abastecimento e Preços, decretou o tabelamento de muito mais do que se possa imaginar.

Não apenas de gêneros alimentícios, como grãos, carne, pescado, frutas e legumes. Para vigorar no prazo de 48 horas, estavam tabeladas bebidas, tarifas de hotéis, corridas de taxi em todas as suas especificidades, entre tantos outros serviços.

O tabelamento era detalhado. A cerveja Malzebier, por exemplo, poderia ser vendida a Cr$77,00 a dúzia pelos atacadistas; a Cr$ 8,00 a unidade em bares e restaurantes e a Cr$7,50 nos armazéns. Já o Guaraná Champagne, caçulinha, teve o preço estabelecido em Cr$ 24,00 a dúzia no atacado e Cr$ 2,50 em bares e armazéns.

Nos restaurantes, o almoço comercial, que deveria ser servido entre 11:30 e 13:00 horas, precisava estar composto por 7 pratos e mais um pão, com preço fixo de CR$30,00. Os hotéis também tiveram seus preços majorados. O Hotel Central teria tarifas de Cr$ 220,00 para o casal e Cr$120,00 para solteiro, enquanto nos hotéis Viajante, Regina e Jardineira, o preço era mais baixo : Cr$ 140,00 e Cr$ 80,00, respectivamente.

Até mesmo o serviço de taxis em casamentos ou enterros estava especificado. Para casamentos, fazendo o trajeto residência, cartório, igreja, residência, a tarifa seria de Cr$ 150,00 e, no caso de enterros, para o trajeto casa, igreja, cemitério, o valor seria de Cr$ 80,00. Nem mesmo os barbeiros escaparam do tabelamento: a barba custava Cr$ 5,00 e o cabelo Cr$12,00 nos salões do centro; nos bairros, o valor era, respectivamente, Cr$ 4,00 e Cr$ 9,00.

Menos de duas semanas depois, os jornais denunciavam que o tabelamento já levava à escassez dos grãos, verduras e legumes, principalmente. A Prefeitura, em seus editais, publicava, com freqüência, o resultado da fiscalização, apontando os comerciantes que respeitavam as leis, os infratores e as multas aplicadas.

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