A visita de D.Pedro e a chegada da República

D. Pedro II e Izabel (1870).

Em 1980, quando contava 98 anos, Pasqual Guerrini registrou, em vários artigos publicados no Jornal de Piracicaba, suas lembranças de menino.Reproduzimos algumas delas, envolvendo fatos marcantes de Piracicaba, como a visita do imperador D. Pedro II e a chegada da República.

Carruagem do imperador quebrou

…. “quem inaugurou a Caixa d’Àgua velha (nova e única naquele tempo), foi D. Pedro II. Ainda me lembro dos homens fazendo um caminho de tijolos para o Imperadorpisar, porque tinha chovido bastante e havia muito barro. O carro, puxado por cavalos, era guiadopor Vicente Gomes. Na subida, os tirantes arrebentaram e o povocorreu para segurar e ajudar. Quando consertaram, o carro chegou até a porteira. D. Pedro desceu e foi pelo caminho de tijolos até a Caixa d’Agua.

Eu era uma criança de cinco ou seis anos e achei errado que o rei não levasse uma coroa na cabeça.O Imperador se hospedou no palacete do Barão de Rezende, que era o prédio antigo da Prefeitura, demolido faz pouco.

Mais tarde me contaram que D. Pedro e a comitiva foram a João Alfredo (NR: Porto João Alfredo, antigo nome de Artemis)de trem e de lá desceram de vapor pelo rio, até Barreiro Rico. Depois, de trole, ou a cavalo, chegaram até Anhembi, e, de lá, de trem voltaram ao Rio de Janeiro. Um piloto da Sorocabana dizia que o vapor encalhou, enfim, que foi uma viagem complicada…..*

Republicanos cercaram a Câmara

…”no dia 17/11/ 1889, eu e meu pai passávamos pelo Edifício da Câmara, no lugar onde hoje é o Grupo Moraes Barros. Nisso apareceu um pelotão de soldados, de carabinas prontas para atirar, acompanhando homens que pareciam importantes. Os soldados se ajoelharam, apontando para o prédio.

Os homens entraram, eram republicanos, vinham tomar conta da Câmara. Mas não houve nada. Os monarquistas entregaram, em paz, o governo da cidade. A República chegava a Piracicaba.”

* ( uma outra versão, publicada no livro Piracicaba, passado e presente, 1988, garante que o Imperador foi de canoa até o Canal do Torto e de lá embarcou no vapor da Companhia Fluvial Paulista)

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