Santo Antônio, segundo Joaquim do Marco

O professor Joaquim do Marco foi uma das personalidades mais ilustres de Piracicaba. Professor, educador, jornalista, intelectual, sua vida foi uma dedicação de serviços à cidade e ao povo. Durante muitos anos, publicou, no jornal “O Diário” – quando com o nome “Diário de Piracicaba” – a coluna ” Flagrantes”, abordando assuntos do cotidiano. No dia 13 de junho de 1973, o professor Joaquim do Marco publicou um resumo de sua palestra num dos clubes de serviço da cidade, em homenagem a Santo Antônio, numa biografia reduzida.

Com o título “Quem foi Santo Antônio”, na coluna “Flagrantes”, É o que segue:

“Não seria correto falarmos, aqui, das coisas de Santo Antônio sem relembrar, bem de passagem, seu nascimento sua formação e sua breve mas brilhante passagem pelo mundo.

Nasceu ele em Lisboa, no ano de 1195, no mês de agosto. Descendia de família nobre e foi batizado com o nome de Fernando de Bulhões. Morreu na cidade italiana de Pádua a 13 de junho de 1231, com apenas 36 anos, três mais do que viveu Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pela descendência nobre e pela influência da época, em que predominavam as famosas cruzadas, ele deveria ter seguido a carreira doas armas. Para isso o destinavam seus progenitores.

Outros, porém, seriam os desígnios de Deus para com o pequeno Fernando. Narra velha lendo que, sendo menino do coro da Sé, se deixara cativar por uma judia formosíssima e que, sentindo-se um dia dominado por uma paixão violenta, de súbito o iluminou a graça divina: fazendo o sinal da cruz numa porta do templo, como que por encanto desapareceu a israelita fascinadora. Ainda hoje, na Sé de Lisboa, se mostra a Cruz por meio da qual o santo afugentou o demônio disfarçado em mulher para o tentar. Com 16 anos, já vestiu o hábito de monge regrante de Santo Agostinho.

O que, todavia, decidiu definitivamente sua vocação religiosa foi um fato milagroso em que tomou parte saliente uma besta. O moço fôra assistir à ida de vário frades para Marrocos, onde iam tentar converter os infiéis à doutrina de Cristo. Esses frades foram trucidados e seus restos mortais vieram para Lisboa no lombo de uma besta possante. Ao passarem por Coimbra, os restos dos mártires foram recebidos por uma procissão que os acompanhou até Lisboa . À frente da procissão, achava-se o próprio Rei de Portugal, D.Afonso. Sucedeu, então, que a besta se recusou a seguir o caminho indicado pelo Rei e este ordenou se respeitasse a vontade do animal. A mula, sem hesitar, dirigiu-se para a Igreja de Santa Cruz, onde se achava o agostiniano. A porta estava fechada, mas a besta bateu fortemente nela com as patas, até qua porta se abriu. E, calmamente, lá foi ela pelo templo a dentro, atingindo o altar-mór, onde se ajoelhou como se fôra gente. Assistindo a esse milagre, o jovem Fernando, que já tomara o nome de Antônio, acabou ingressando na ordem dos franciscanos, para melhor cumprir sua missão religiosa.”

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