A HISTÓRIA QUE EU SEI (LXIX)

Salgot x Guidotti
Por algum tempo, após a morte de Luciano Guidotti houve um vazio político na cidade, como que um silêncio tácito entre as forças partidárias. Os ódios haviam-se acirrado ainda mais. Salgot Castillon decidira, finalmente, ser candidato à sucessão municipal. E ele se justificava por dois motivos, além de sua natural e poderosa liderança político-eleitoral: em primeiro lugar, fortalecera, dentro do Movimento de Cursilhos, uma consciência cristã que o empurrava a uma ação política ainda mais intensa e sólida; em segundo lugar, não concebia que Piracicaba caísse, novamente, nas mãos dos “comendadores”, primeiro com Humberto D’Abronzo e, em seguida, com a possibilidade da candidatura de João Guidotti.

Os preparativos para a convenção da ARENA foram como que uma guerra: Salgot Castillon detinha a maioria do Diretório; João Guidotti, amparado em pareceres jurídicos, insistia em ser candidato, fogosamente estimulado pelos “guidotistas”, a maioria deles políticos ligados ao extinto PR (Partido Renovador). A legalidade da candidatura de João Guidotti se discutia em virtude do impedimento constitucional de, sendo irmão do prefeito que falecera, ser candidato à sucessão. A discussão estava quanto ao mandato: o de Nélio Ferraz de Arruda era um outro mandato ou era o mandato de Luciano Guidotií que valia? Em meio a todas as discussões, pareceres, conflitos legais, João Guidotti foi para a convenção da ARENA, disputando a escolha com Salgot Castillon. O resultado foi esmagador: Salgot Castillon obtinha o apoio de cerca de 80% dos convencionais, João Guidotti, apenas 20%.

A derrota, dentro da ARENA, não interrompeuo ímpeto e a vontade dos “guidotistas”. Encontrou-se uma solução: João Guidotti e seus aliados deixariam a ARENA, ingressariam no MDB – um partido pequeno, ainda sem qualquer expressão – e a candidatura se tomaria “emedebista”. Uma solução fácil de se conseguir especialmente porque Francisco Antonio Coelho, presidente do MDB, era homem de confiança de Luciano e João Guidotti e um dos líderes “guidotistas” na Câmara Municipal. Mesmo assim, porém, continuavam as discussões de ordem legal: João Guidotti poderia ou não ser candidato a Prefeito? Essa discussão marcou toda a campanha, aliás a mais passional de todas as campanhas a que Piracicaba certamente assistiu.

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