A HISTÓRIA QUE EU SEI (XXXVIII)

A CRISE POLITICA – 1962
Poucos entendiam porque Salgot Castillon, tendo uma administração feita de êxitos, decidia-se a ser candidato a deputado estadual. Os adversários – e, agora, Domingos José Aldrovandi entre os mais acirrados líderes da oposição ao Prefeito diziam tratar-se de “oportunismo político”, hostilizando a candidatura de Salgot Castillon à Assembléia Legislativa. A morte de João Batista Vizioli aumentava a crise. A candidatura de Salgot Castillon, condenada pelos adversários, tinha porém apenas dois motivos: o primeiro, porque Salgot Castillon estava à beira do estresse, “não agüentando mais a Prefeitura”, como ele próprio não deixava de revelar. E o segundo motivo era de ordem financeira: Salgot Castillon estava passando por grandes dificuldades. O salário de Prefeito estava defasado pois, na administração anterior, Luciano Guidotti, um homem muito rico, decidira doar os seus vencimentos, como prefeito, para instituições de caridade. E, por isso, não se preocupou em reajustar os vencimentos do próximo efeito. Os reajustes eram feitos de quatro em quatro anos. Salgot Castillon não tinha recursos pessoais e, endivididado, chegara a vender a única propriedade que tinha, um sítio perto de Campestre. Como Prefeito, Salgot não tinha como sobreviver financeiramente.

Aliando o cansaço à necessidade, e sendo um animal político, Salgot Castillon decidiu candidatar-se a deputado estadual.

A crise instalou-se quando Manoel Rodrigues Lourenço assumiu a Prefeitura pós a licença de Salgot Castillon. Já na primeira semana, Lourenço se aproximou de Luciano Guidotti e dos “guidotistas”. E, numa entrevista, que se tomou histórica, à “Folha de Piracicaba”, Manoel Rodrigues Lourenço fez pesadas críticas a Salgot, dizendo, entre outras considerações, que “precisava de máquina de fazer dinheiro para administrar Piracicaba”. Estava feito o rompimento político, agravava-se a crise, os “guidotistas” aproximavam-se, outra vez, da Prefeitura. Enquanto isso, a campanha eleitoral prosseguia: Salgot Castillon e Domingos José Aldrovandi disputavam votos do eleitorado, para deputado estadual, o primeiro pela UDN, Aldrovandi já mudando de partido, transferindo-se para o PSP de Adhemar de Barros. Na disputa pelo governo de São Paulo, estavam o próprio Adhemar de Barros, outra vez; Jânio Quadros, que tentava retomar à política após a renúncia à Presidência da República; José Bonifácio Coutinho Nogueira, apoiado por Carvalho Pinto.

Elegeram-se Salgot Castillon e Domingos José Aldrovandi como deputados estaduais. (Bento Gonzaga desistiu de disputar as eleições.) E Adhemar de Barros pela divisão do “janismo” entre “janistas” e “carvalhistas” – retomou ao Governo de São Paulo.

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