A HISTÓRIA QUE EU SEI (LXXIX)
Visita a Gama e Silva
Algumas medidas políticas, para a preservação do seu mandato do prefeito, foram adotadas. Uma delas – e das mais importantes – teve como protagonista o empresário piracicabano e advogado, Raul Coury. Alguns líderes piracicabanos já se haviam manifestado em favor de Salgot Castillon e em defesa de seu mandato, entre eles o industrial Mário Dedini – que foi pessoalmente ao 5º G-CAN, em Campinas -, o Bispo Aníger Melilo, lideranças ligadas a clubes de serviço, a entidades de classe, etc. O deputado estadual Paulo de Castro Prado era um dos mais leais e combativos defensores de Salgot Castillon junto às autoridades militares.
Raul Coury e o deputado Paulo de Castro Prado decidiram entrar em contato, no Rio de Janeiro, com o Ministro da Justiça Gama e Silva, buscando informações mais precisas e concretas: o que havia, afinal, em relação a Salgot Castillon? Havia um detalhe importante: Gama e Silva, fora consultor jurídico da COPERSUCAR, da qual Raul Coury era um dos diretores.
O Ministro Gama e Silva recebeu, pronta e solicitamente, Raul Coury e o deputado Paulo de Castro Prado. Estranhou a indagação que lhe era feita, sobre algum ato do governo militar contra Salgot Castillon pois, segundo ele, “nada se fazia, na esfera federal, sem que o governador de cada Estado soubesse antecipadamente”. Ou seja: se algo houvesse, o Governador Abreu Sodré deveria saber, de onde se pode concluir, com facilidade, que o Governador de São Paulo, como os de outros Estados, tinha influência e prestígio suficientes para interferir em cassações de mandatos e em violências contra direitos políticos. Se o Governador Abreu Sodré era amigo pessoal do Prefeito Salgot Castillon, por que, então, não se manifestava?
O fato é que Raul Coury e o deputado Paulo de Castro Prado retomaram do Rio de Janeiro com uma informação tranqüilizadora do Ministro Gama e Silva: nada havia, na esfera federal, contra Salgot Castillon, prefeito de Piracicaba. 44 Era afirmação categórica, impeditiva de qualquer dúvida. Houve, então, em Piracicaba, uma pausa para se respirar…