Helládio do Amaral Mello (*18/08/1917 +28/08/08)

Helládio do Amaral Mello nasceu em Piracicaba, em 18 de agosto de 1917. Estudou na Escola Normal de Piracicaba, hoje Instituto de Educação Sud Mennucci. Engenheiro Agrônomo formado em 1943 pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da USP, teve sua carreira fortemente influenciada por Edmundo Navarro de Andrade e por seu avô, Vicente do Amaral Mello, fazendeiro em Rio das Pedras/SP, que aliava a atividade econômica da cultura do café ao bem-estar dos funcionários e à permanente preocupação com a proteção dos recursos naturais.

De 1944 a 1951, trabalhou no Serviço Florestal de Estradas de Ferro de Goiás em Araguari, com a incumbência de reflorestar uma área recém-adquirida com eucaliptos, destinados à fabricação de dormentes para suprir a ferrovia. De 1951 a 1954, trabalhou como adido na Casa da Lavoura de Rio Claro: realizou plantios de café, observando as regras para a conservação do solo, modelo que lhe rendeu prêmio da Secretaria da Agricultura.

Em 1954, ingressou na USP/ESALQ, a convite do prof. Philippe Westin Cabral de Vasconcellos, para ocupar a cadeira de Horticultura. Aceitou o convite com a condição de ficar na área de Silvicultura, que não tinha expressão na Escola até então. As aulas práticas de Horticultura deram-lhe uma grande experiência de viveiros e plantio de mudas.

Em 1962, com o desdobramento da 12ª. cadeira em duas, prestou concurso e passou a ser Titular da cadeira de Silvicultura. Na década de 1960, a convite do ministro da Agricultura, Hugo de Almeida Leme, integrou o grupo de trabalho encarregado da reformulação do Código Florestal Brasileiro, aprovado em 1965.

Em meados de 1960, conseguiu uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller para aperfeiçoar seus conhecimentos na Escola de Florestas da North Carolina State University, onde conheceu o prof. Bruce Zobel, especialista em melhoramento vegetal. Acompanhando-o em suas visitas a empresas da região, viu como funcionava um programa de cooperação entre a universidade e o meio de produção para realização de pesquisa no setor florestal. Voltou ao Brasil com a idéia de planejar um programa semelhante e isto foi o embrião do Ipef. Assim, em 1968, liderou a equipe de empresários do setor florestal que criou o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), sendo seu diretor científico até 1980, por ocasião de sua aposentadoria.

Galgou todos os degraus da carreira universitária: foi vice-diretor da gestão do prof. Ferdinando Galli (de 23.12.1970 a 22.12.1974) e, por ocasião da Reforma da USP em 1970, foi chefe do departamento de Silvicultura, hoje departamento de Ciências Florestais, até a sua aposentadoria em 1980. Em 1971, conseguiu autorização para a criação do curso de Engenharia Florestal na USP/ESALQ, o terceiro curso do País, que já formou mais de 760 engenheiros florestais.

Em 1976, conseguiu implantar o curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal na Escola, em nível de mestrado. Foi responsável pela incorporação à USP/ESALQ da Estação Experimental de Anhembi/SP (1974) e da Estação Experimental de Itatinga/SP (1988), visando sua preservação e uso para programas de ensino, pesquisa e extensão universitária.

Atuou ainda como consultor de diversas entidades, como o CNPq e Comitê de Ciências Agrárias da Fapesp. É autor de mais de 50 trabalhos científicos, além de 200 artigos de divulgação e amplo material didático.

O seu importante trabalho realizado pelo desenvolvimento florestal brasileiro foi reconhecido inúmeras vezes com a concessão de prêmios e distinções, como a Medalha Navarro de Andrade (duas vêzes). A Biblioteca do Ipef, idealizada por ele, leva o seu nome, sendo um dos mais importantes Centros de Documentação Florestal da América Latina, com um acervo florestal com mais de 90.000 referências bibliográficas, disponibilizadas em site na Internet. A revista Ipef, também idealizada por ele, divulga os resultados da pesquisa realizada pelo convênio Ipef e USP: hoje Scientia Forestalis é uma revista científica com artigos florestais de toda a comunidade florestal brasileira, cujos artigos são indexados em base de dados internacionais.

Em 1981, foi instituído o prêmio Helládio do Amaral Mello, concedido todos os anos ao diplomando do curso de Engenharia Florestal da USP/ESALQ que obtém a melhor média final.

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