Nosso Pioneiro
Nascido em 23 de março de 1933, o piracicabano Edson Rontani tornou-se conhecido pelas charges e ilustrações, mas foi um artista múltiplo. Fã de gibis, desde cedo mostrou talento para o desenho ao rabiscar suas primeiras histórias em quadrinhos nos cadernos da escola primária. Ainda adolescente, no final dos anos 40, passou a desenhar um caipira magro de camisa listrada. Apelidado de Jeca, a ilustração representava o time de futebol da cidade, o XV de Novembro. Mais tarde, foi responsável pela remodelação do conhecido personagem Nhô Quim, mascote do XV e propagado pela Gazeta Esportiva no final dos anos 1940. O traço de Edson Rontani acompanhou a imprensa local, de jornais a revistas, por toda segunda metade do século XX.
Nos anos 50, Rontani abriu o Orbis, um estúdio de desenho de onde saíam os mais diversos tipos de serviços: de ilustrações para publicidade, até caligrafia para convites de casamento. Sua caligrafia sofisticada o tornou conhecido como criador de matrizes de letras para vitrines das lojas da cidade, lembrando que, nessa época, passear para ver vitrines era bom passatempo das famílias. E sua letra bem trabalhada ia parar até em jazigos e placas de ornamentação para túmulos, pois o artista era contratado por fundições que usavam sua caligrafia para elaborar a matriz e escrever no bronze.
Sua paixão por super-heróis fez com que se relacionasse com Adolfo Aizen, diretor da EBAL (Editora Brasil-América Ltda), na época, a mais importante editora de quadrinhos do Brasil, o que resultou em dois trabalhos publicados em nível nacional. Foram duas capas em janeiro de 1965: Batman e Superman.
Edson Rontani também carrega a honra de ser o criador do primeiro Fanzine do Brasil, o Ficção, boletim que divulgava o mundo dos quadrinhos para os amantes dessa arte. Em 12 de outubro de 1965 saíam de seu mimeógrafo à tinta as 300 primeiras edições da produção pioneira, que era enviada a grandes nomes de colecionadores, artistas e interessados em histórias em quadrinhos.
Rontani estudou pintura, e como artista plástico, participou de diversas exposições no Salão de Belas Artes de Piracicaba e outras cidades, entre 1963 e 1991. Mas sua paixão por HQs era maior. Dono de uma das maiores coleções de quadrinhos do Brasil, alcançou a marca de 70 mil exemplares a partir dos anos 60, chegando a mais de 100 mil quando veio a falecer, no final da década de 90.
* A autora Ana Camila França de Negri Kantowitz, ME, é professora da Unimep.
[Este texto é parte do livro “Pira Cartum – Homenagem a 32 cartunistas e ilustradores de Piracicaba nos 45 anos do Salão de Humor”. Organizadores: Adolpho Queiroz, Edson Rontani Junior, Maria Luziano e Victor Corte Real. Uma publicação da Coleção AHA de Humor Gráfico – Associação dos Amigos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (Editora Nova Consciência – 2018)]
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