Nosso Pioneiro

Edson-Rontani

Edson Rontani era filho de imigrantes italianos. Casou-se com Ivete, também filha de imigrantes italianos. Era filho de Guilherme e Maria, ele carpinteiro. Foi através da dedicação ao entalhe que descobriu as formas, as ondulações, as dimensões, que lhe levaram a ter uma aptidão nata para o desenho. Viveu os anos 40 com muito amor, em principal, pelas sessões de cinema e pelas revistas em quadrinhos na denominada fase de ouro das HQs. Reproduzia os personagens que via com os amigos através de revistas feitas com lápis de cor, as quais serviriam de matriz para a criação do fanzine (o primeiro do país) em 1965.
Colaborou com todos os jornais de Piracicaba, de 1948 a 1997, ano em que faleceu. Era funcionário público do Estado, trabalhando como desenhista técnico da Secretaria de Agricultura. Fundou a revista “Piracicaba Magazine”, lançada nos anos 1950 como concorrente da afamada “Mirante”.
Deixou um legado que torna Piracicaba como referência nos quadrinhos.
Foi homenageado pelos poderes públicos municipal (Sala Edson Rontani no Teatro Dr. Losso Netto e rua Edson Rontani no Jardim Noiva da Colina) e estadual (Escola Estadual Edson Rontani, Altos do Piracicaba).

Nascido em 23 de março de 1933, o piracicabano Edson Rontani tornou-se conhecido pelas charges e ilustrações, mas foi um artista múltiplo. Fã de gibis, desde cedo mostrou talento para o desenho ao rabiscar suas primeiras histórias em quadrinhos nos cadernos da escola primária. Ainda adolescente, no final dos anos 40, passou a desenhar um caipira magro de camisa listrada. Apelidado de Jeca, a ilustração representava o time de futebol da cidade, o XV de Novembro. Mais tarde, foi responsável pela remodelação do conhecido personagem Nhô Quim, mascote do XV e propagado pela Gazeta Esportiva no final dos anos 1940. O traço de Edson Rontani acompanhou a imprensa local, de jornais a revistas, por toda segunda metade do século XX.

Nos anos 50, Rontani abriu o Orbis, um estúdio de desenho de onde saíam os mais diversos tipos de serviços: de ilustrações para publicidade, até caligrafia para convites de casamento. Sua caligrafia sofisticada o tornou conhecido como criador de matrizes de letras para vitrines das lojas da cidade, lembrando que, nessa época, passear para ver vitrines era bom passatempo das famílias. E sua letra bem trabalhada ia parar até em jazigos e placas de ornamentação para túmulos, pois o artista era contratado por fundições que usavam sua caligrafia para elaborar a matriz e escrever no bronze.

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Sua paixão por super-heróis fez com que se relacionasse com Adolfo Aizen, diretor da EBAL (Editora Brasil-América Ltda), na época, a mais importante editora de quadrinhos do Brasil, o que resultou em dois trabalhos publicados em nível nacional. Foram duas capas em janeiro de 1965: Batman e Superman.

Edson Rontani também carrega a honra de ser o criador do primeiro Fanzine do Brasil, o Ficção, boletim que divulgava o mundo dos quadrinhos para os amantes dessa arte. Em 12 de outubro de 1965 saíam de seu mimeógrafo à tinta as 300 primeiras edições da produção pioneira, que era enviada a grandes nomes de colecionadores, artistas e interessados em histórias em quadrinhos.

Rontani estudou pintura, e como artista plástico, participou de diversas exposições no Salão de Belas Artes de Piracicaba e outras cidades, entre 1963 e 1991. Mas sua paixão por HQs era maior. Dono de uma das maiores coleções de quadrinhos do Brasil, alcançou a marca de 70 mil exemplares a partir dos anos 60, chegando a mais de 100 mil quando veio a falecer, no final da década de 90.

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* A autora Ana Camila França de Negri Kantowitz, ME, é professora da Unimep.

[Este texto é parte do livro “Pira Cartum – Homenagem a 32 cartunistas e ilustradores de Piracicaba nos 45 anos do Salão de Humor”. Organizadores: Adolpho Queiroz, Edson Rontani Junior, Maria Luziano e Victor Corte Real. Uma publicação da Coleção AHA de Humor Gráfico – Associação dos Amigos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (Editora Nova Consciência – 2018)]

Para conhecer demais cartunistas e ilustradores integrantes do livro, acesse a TAG Pira Cartum

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