Me formei, e agora?

– Texto publicado originalmente n’A Província em 08/07/2010.

Em um texto anterior falei sobre a indecisão de quem está concluindo o ensino médio e busca um curso superior para prestar. Mas, hoje, falo de outro período, pois as dúvidas sobre “o que fazer da vida” não são exclusividade daqueles que acabam de sair da escola.

Ao concluir o seu curso superior, muita gente ainda está sem emprego, trabalhando fora da área, estagiando sem garantia de ser efetivado. Além disso, há outra indecisão: só trabalhar ou fazer novos cursos? O recém-formado está apto a enfrentar o mercado de trabalho?

Christiane conta que, ao terminar a graduação, não se sentiu preparada para todos os desafios da área, por isso decidiu fazer outros cursos para aprimorar seus conhecimentos.

Juliana, apesar de ter se sentido preparada para atuar na área de sua formação, teve dificuldades em encontrar um emprego efetivo. “As empresas não dão muitas oportunidades para quem está começando, não querem ajudar o profissional a se desenvolver, preferem os que já possuem bastante experiência”, comenta.

Nara conta que, apenas depois que começou a trabalhar, teve a convicção de que a universidade a preparou bem. A possibilidade de fazer um mestrado foi uma das dúvidas enquanto ficou desempregada. “Ao mesmo tempo em que acreditava que era necessário experiência de mercado, pensava que uma boa especialização também faria grande diferença para minha carreira”, conta.

É verdade que, nem sempre, a pessoa que saiu da faculdade consegue trabalhar exatamente na área escolhida. Surge então outro dilema: aceitar qualquer trabalho para não ficar parado?

Marisa Bueloni, pedagoga e orientadora vocacional, sugere que o recém-formado procure empregos na sua área, de preferência. “Pode ainda prestar um concurso, começar fazendo um estágio, ainda que sem remuneração, mas que lhe dará alguma experiência”, acrescenta.

Porém, lembra Marisa, boa parte dessas pessoas aceita empregos muito diferentes daquilo em que se pretendia atuar justamente pelas premências da vida. “Sobretudo nos dias de hoje, em que é preciso lutar muito para se manter, sustentar-se, pagar todas as contas”, completa.

Muitos jovens ainda contam com o apoio financeiro dos pais e não se desesperam de imediato na busca “do que fazer da vida”. Mas, provavelmente, vai chegar o momento em que eles buscarão sua independência. “É muito feio passar a vida inteira na ‘cola dos pais’, não é? Por mais ricos os pais sejam, um jovem deve buscar trabalho, emprego, ter seu próprio meio de vida, coisa que confere dignidade a uma pessoa”, comenta Marisa Bueloni.

Por essas e outras questões, o término de uma graduação é, também, uma etapa importante e decisiva na vida do jovem. E, para os que não tenham se dado conta: é a hora de encarar a realidade!

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