Respeito e reciprocidade

– Texto publicado orginalmente n’A Província em 08/05/2010.

Sabe aquele tipo de situação pela qual a gente se constrange mesmo sem estar participando?

Estava na sala de espera do meu médico – consultório particular, para constar -, quase 17h, quando chegou uma mulher – já bem exaltada – falando com a secretária, brigando, pois tinha ido procurar o consultório no local antigo. “Meu horário era às 15h, mas estou completamente atrasada porque fui parar em dois locais errados…”.

– Há quanto tempo o Dr. atende aqui? – perguntou grosseiramente, jogando sua bolsa sobre o balcão.

– Oito meses – respondeu a secretária ainda paciente. – Mas nós sempre avisamos que o endereço mudou…Onde você pegou o endereço?

E então a mulher desembestou a brigar: essa é minha primeira consulta, fui em dois endereços errados, pois vi no site, ninguém me avisou que havia mudado, o site está errado…

Nesse tempo todo, ela jogou a bolsa no sofá, bateu na mesa as revistas que pegava – certamente, apenas para fazer barulho -, respondeu de má vontade as perguntas para preencher a ficha e insistia na ideia de que o endereço estava desatualizado.

A secretária, já sem muita paciência, tentou explicar que o site não era de sua responsabilidade, sendo do plano de saúde. E que ela sempre avisava o “novo” (já nem tão novo assim) endereço a todos os pacientes que marcavam a consulta diretamente com ela.

Ela ligou para outros lugares se informando sobre o site, pedindo a confirmação de que o endereço realmente estava desatualizado, que isso fosse acertado…

Então a secretária entrou na sala do médico e, em prantos, muito nervosa, relatou o que acontecia. O doutor disse: Eu não vou atender essa mulher, pode mandar ela embora.

Dito e feito. A secretária voltou avisar:

– O doutor não vai mais atendê-la.

– C O M O? Por que não?

– Porque você foi muito indelicada.

Ela saiu, mais uma vez, bufando. Gritando o quanto aquilo era absurdo.

Quem não se irritaria com uma situação dessas? Realmente desagradável perder o seu dia atrás de uma consulta médica.

Falar uma vez, pedir que providências se o endereço realmente precisasse ser atualizado, a atitude mais correta, mas ofender, insistir, desrespeitar uma pessoa que está ali cumprindo seu trabalho… Extremamente desnecessário, penso eu.

Fiquei constrangida com a situação e indignada quando, ao responder sobre sua profissão para preencher a ficha, ela disse que também era SECRETÁRIA. Pensei “como será o ambiente em que ela trabalha? Ela também recebe esse tipo de destrato?”.

Afinal, a secretária do meu médico sempre me pareceu eficaz e me tratou com muito respeito…Mas a recíproca é verdadeira.

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