“ Buscai as coisas do alto” É Natal!

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Neste tempo de tantos acontecimentos e desastres, suposições e questionamentos, previsões (como a do iminente fim do mundo) e informações instantâneas de todos os lados, seria bom para o ser humano conceder a si mesmo momentos necessários de uma trégua em sua agitação, em seu cotidiano desgastante para se perguntar de que maneira ele está administrando sua vida. Creio que a resposta não seria muito satisfatória em termos de serenidade e qualidade. A modernidade está capengando, andando de muletas, voltada para baixo, para o lugar-comum de uma vida para a qual ela não foi destinada.

Creio que não exagero nesta observação, nem estou sendo pessimista, numa época que deveria ser a mais bela, tratando-se do Natal. Grandes escritores, pensadores e filósofos já refletiram sobre esta crise, prevendo a explosão do individualismo, do materialismo e do conseqüente fundamentalismo derivando para os extremos dos atos terroristas, dos massacres individuais e coletivos, das guerras absurdas e desenfreadas. O grande escritor e poeta mexicano, Octavio Paz, Nobel de Literatura em 1990, numa entrevista memorável feita ao também escritor brasileiro Danúbio Torres Fierro algumas horas antes de receber o prêmio, vaticinou esta crise da modernidade como algo que se dilui, desmoronando-se. Para o poeta, “a ânsia consumista termina em degradação; isso porque a prosperidade material não basta ao ser humano.”

Não precisamos, contudo, buscar nos grandes da literatura mundial, embora sejam valiosíssimas, estas verdades que saltam aos olhos.

Jesus Cristo, o Deus de nossa libertação e da Verdade, veio ao mundo para trazer-nos lições simples que deveriam entrar-nos pelos olhos, nessa busca tão absurda pela felicidade que não conquistamos porque a ignoramos e desprezamos, optando por caminhos contrários a valores e virtudes espirituais. Elas estão em seus Evangelhos, em sua Palavra. A verdadeira conversão se processa na volta para Deus, na mudança concreta de vida. A humanidade precisa aprender a olhar para o alto, a buscar em Jesus, cuja nova vinda pode estar próxima, o remédio para seus males. Há dois mil anos,quando as multidões perguntaram a João Batista, seu precursor, aquele que veio anunciá-lo, o que precisavam fazer para mudar, a resposta foi de uma simplicidade única. Consiste na prática da solidariedade, da partilha, da igualdade, da justiça, da bondade. Conversão significa transformação nas relações, em que sejam varridos do mundo as explorações, as misérias, as injustiças, o abandono, os abusos de qualquer ordem, inclusive contra os doentes, os idosos e as crianças, aqueles mais sofridos, sem vez e sem voz. Consiste também na prática de uma virtude, hoje tão esquecida, a da moderação, do equilíbrio. Esta moderação na forma de se conduzir, abolindo o consumo exagerado e supérfluo,a alimentação desregrada, o descuido consigo próprio e a saúde, na indiferença com que lidamos com os sofrimentos do outro, muitas vezes bem próximo e um familiar, mais necessitado de um conforto pessoal e de um carinho, de um pequeno tempo a si dispensado, tão ou mais necessário do que a ajuda material. O tempo, sempre a pressa agitada e desequilibrada, abafando o sentimento e a compaixão. Em resumo, precisamos da humanização; é o sentimento o fiel da balança na conduta, o de saber colocar-se no lugar do outro e dispensar-lhe o tratamento que gostaríamos de receber.

Hoje, os tempos são diversos, porém os critérios continuam os mesmos de nosso Deus, Jesus Cristo, o mesmo de ontem, de hoje e de sempre. João Batista dizia que não era digno de desamarrar a correia de Suas sandálias. E acrescentava: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga.” Não será agora o momento de olharmos para o alto e O buscarmos, aguardando-O com o coração novo?

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