Coluna Contraponto: Operação Abafa a Jato

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Cada vez mais estarrecedor o nosso quadro político. Após intensa e massificada inserção de notícias negativas sobre a presidente Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores – sempre  na desesperada tentativa de fazer colar que seriam os únicos responsáveis por todo o mal que assola o País e o Planeta (e culpá-los até pelas mazelas bíblicas, intento de sucesso até semanas atrás) -,   setores da imprensa e da opinião pública nacional veem-se agora em saias justas. Não sendo mais possível esconder o óbvio só não reconhecido pelos cegos morais e hipócritas que vociferam contra os que não rezam as suas reacionárias cartilhas e demagogos cujos vômitos de ódio escarnecem seus perseguidos. O Listão da corrupção e o seu oficial silêncio imposto pelo juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, e mais o Megalistão do Panamá colocam em xeque os paladinos da justiça, da honestidade e de setores da imprensa “livre, isenta e apartidária”. Tendencioso, deprimente e patético espetáculo que vai chegando ao seu fim. Não investigar agora com o mesmo rigor que foram investigados setores do Partido dos Trabalhadores; não se darem as mesmas proporções garrafais nos noticiários de rádio, revistas, tvs e jornais somente desnudará ainda mais a farsa e a hipocrisia da visível militância partidária- ou, antes, antipartidária – de setores dessas instituições tão endeusadas por parte da ingênua opinião pública de nosso País, ao que se pode depreender. Seria bom que se desfizessem desse perigoso engodo que culpa apenas um grupo político e os demais corruptos comemoram as suas “inocências” em suas confortáveis ratoeiras. E se nem Joaquim Barbosa parece ter escapado, quem escapará?

Que se atire a primeira pedra

Incrivelmente, os atiradores de elite da defesa moral do País sempre prontos a acusar e a mostrar a todos as mazelas de corruptos de fora de seus grupos calam-se vergonhosa e covardemente. Parece não haver ninguém a defender o que antes defendiam. De pedras nas mãos e sempre prontos a atirá-las no alvo inimigo, agora miam feitos gatinhos mimados brincando com as suas bolinhas de papel. A comissão do impeachment, então, parece um festival de caras-de-pau. Metade dela aparece envolvida com denúncias sérias. Parece o corrupto querendo acabar com a corrupção. E isso é só o fim. Só o fim.  Permito-me pensar que o exército de Cunha assemelha-se aos criminosos que se apegam a um líder astuto na esperança de que os livrarão de processos e de cadeia. O desespero é evidente.

A Tribuna avisou

Com muito orgulho desse jornal que publica as minhas humildes e singelas linhas, permito-me dizer que fomos os primeiros a denunciar a operação Abafa a Jato, em andamento, ao que se pode interpretar. Impossível não pensar: Fora com a Dilma, porque é o único jeito de se paralisarem as investigações. E já parece tudo armado. Quem tem olhos que veja.

Oração para Dilma

Diferentemente daqueles fatalistas de plantão, penso existir uma força maior a permitir ou a interromper qualquer processo de evolução – ou de involução humana terrestre (não confundir com outras civilizações humanas do Cosmos). O rei Davi, dos judeus, passou por processos muito semelhantes pelos quais passa a presidente da República, e, por isso, dedico a ela o Salmo seguinte: “Ouve, Ó Deus, a voz do meu lamento!/  Preserva-me a vida do terror do inimigo,/ Esconde-me da conspiração dos maus/ E do tumulto dos malfeitores./ Eles afiam sua língua como espada,/  Ajustam sua flecha, palavra venenosa,/ Para atirar, às escondidas, contra o inocente,/ Atiram de surpresa, sem temer/ Eles se fortalecem com seu próprio maligno,/ Calculam como esconder armadilhas,/ pensando: ’Quem poderá ver-nos?’/ Eles combinam malefícios:/ ‘Está perfeito, tudo está bem combinado!’/ No fundo do homem, o coração é impenetrável./ Deus atira uma flecha contra eles,/ ficam feridos de repente;/ ele os faz cair por causa de sua língua,/ todos os que os veem meneiam a cabeça./ Então todo homem temerá,/ anunciará o ato de Deus / e compreenderá a sua obra./  O justo se alegra com Yahweh e nele se abriga./ E todos os de coração reto se felicitarão.” (Salmo 64, de Davi–Bíblia de Jerusalem). Atualíssimo.

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Frase de hoje: “Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo.” (Arthur Schopenhauer, 1788-1860)

 

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