Injustiçado social
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Nos meus tempos de colégio, lembro-me de saudosa memória, das aulas de ciências proferidas pelo ‘Pe. Modesti’, professor e autor do livro de Ciências onde estudávamos. Lembro-me ainda, que logo após entregar nominalmente as provas, ele vociferava no alto e grave tom de sua voz: – “Se existe alguém que se julga injustiçado social, que fale agora ou cale-se para sempre!” E nesse instante, sempre tinha alguém no mais respeitoso erguer de um braço, pedindo licença, para esboçar algum reclamo pela conquista de uma nota melhor, que invariavelmente abaixava. Daí, ao ver e ouvir o presidente da Câmara usar a frase: “há 126 anos o negro era obrigado a beijar a mão de senhores” e que ele, ao contrário, não iria beijar a mão de ninguém, como forma de desacordo por uma sentença judicial proferida por uma juíza local, voltei de pronto aos meus tempos de colégio, mais precisamente nas aulas do Padre Modesti, por entender tão descabido propósito dessa fala contextualizada. Penso que pela colocação desconexa dos fatos, deu-me a impressão de ter se sentido um injustiçado social, por isso, independente da nota que leva esse ‘edi’l à frente da presidência, merece ele, um grande e redondo zero. Falou! Mas, deveria ter nos poupado de suas aberrações; afinal, o ‘julgo’ aqui, não tratava nem de perto o que versa a Lei – 7.716/89 (crimes de preconceito ou discriminação racial). Perdeu a compostura que exige o cargo… Nada mais natural: falou bobagem!