Natal: Deus conosco!

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O Natal leva-me a um anseio maior de suavidade e harmonia… Anseio de paz, de recolhimento, de identificação com a simplicidade do Presépio despojado, em que a mensagem da fé fala por si mesma. É uma voz de silêncio, quase uma advertência para que nos calemos para refletir na grandeza dessa Encarnação e desse Nascimento.

Na fragilidade e no despojamento daquela família reunida no interior de uma gruta, erguia-se uma força obstinada de princípios alicerçados na verdade, na justiça, na união, na solidariedade e no amor. Em Maria, a obediência à Palavra revelada, a colaboração com os planos de Deus, o “Fiat” que tornou possível o impossível, instaurando no mundo a certeza de uma redenção vitoriosa que resgataria todas as indagações. Em José, o justo, a concordância aos desígnios divinos e o exemplo do trabalho digno que, por pequeno que seja, pode ser grande nas mãos de quem o faz. Em Jesus, naqueles braços estendidos, toda a misericórdia, o acolhimento, o perdão e o amor.

Em três personagens reais uma História fundamentada na presença de um Deus conosco, o Deus que veio para ser um de nós, o Deus que virá mais uma vez para exercer a Sua justiça e inaugurar uma civilização em que o amor será a única lei.

O Natal de Jesus deveria significar para todo mundo o anúncio de uma vida nova, de um mundo novo a propor uma transformação radical para gerar o triunfo da paz sobre as guerras; a solidariedade e a fartura do pão contra as desigualdades da miséria e da fome;a vitória da justiça contra a prepotência e a injustiça;a queda do pecado e o advento da graça divina que une e reconcilia, que perdoa, ama e defende a vida.

Este 2013 — tão conturbado pela violência cada vez mais ousada e cruel, pelos fenômenos naturais provocados pelos temporais, as enchentes e os desabamentos ( desastres anunciados e repetidos), a cada ano mais intensos, sem mencionar a frieza, a indiferença e os desvios escabrosos de nossos homens públicos e uma espantosa desagregação familiar e social – parece conter uma advertência que os humanos parecem ignorar. Não seria o momento urgentíssimo de uma transformação?

Há dois mil anos, a civilização pagã perdia, como hoje, a consciência de sua dignidade. Escravizada pelos erros e o pecado, debatia-se no aviltamento, na perda do respeito próprio e do equilíbrio construtivo.

Nasceu Jesus. Devagar, os cultos pagãos e exteriores, as imolações de vidas humanas, a imoralidade e as aberrações sexuais, as sodomias e ritos orgíacos, totalmente libertinos, foram sendo substituídos por algo superior, colocando o ser humano em sua verdadeira dimensão, restituindo-lhe a noção de sua própria grandeza como filho de Deus, a sua imagem e semelhança. Operava-se a revolução branda do amor contra os conceitos transitórios do egoísmo, da ambição e do materialismo. Era o ideal cristão, regado com o sangue de grandes mártires e santos, espalhando-se, atingindo os diversos níveis sociais, as raças, os continentes, abrangendo vastos horizontes e modificando tradições.

Dois mil anos depois esta chama continua viva, para não apagar-se, embora o materialismo feroz que assola o mundo numa situação bastante similar à civilização pagã, leve-nos a crer na iminência das realizações proféticas. As fileiras de um contingente humano fiel, porém, se engrossam, vigilantes e atuantes, a sustentar a evidência das “coisas que passam”, proclamando com suas próprias vidas que os caminhos do mal são bastante tortuosos para que não se estabeleça dentro do coração humano a opção libertadora. O Deus que veio e que vem sempre, em todo Natal nos pede, com insistência e paciência, a opção da conversão e do amor. Do amor que é paz e força na caminhada, esperança e luz para todos os que O acolhem de boa vontade!…

 

PS: A todos , leitores e amigos, votos de um feliz e santo Natal!

1 comentário

  1. cecilio elias netto em 23/12/2013 às 11:26

    Belíssimo, prezada Myria. Transmita-nos mais vezes essa sua delicadeza de alma e corretas e inabaláveis convicções. Estamos diante do “eterno retorno” e são vozes como a sua que nos ajudarão.

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