Pouca gente feliz?

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Se pudéssemos encontrar um medidor para a felicidade, poderíamos começar com alguns critérios respeitáveis. O que é ser feliz, ou estar feliz? Gostar da vida que se leva e sentir-se satisfeito com as realizações e conquistas?

Para começar, é tão difícil definir a tal felicidade. Do alto da minha vã filosofia, penso que para muitos é ter as contas pagas todo mês. Aliás, isso não é felicidade, é um ato de heroísmo neste país em crise. Que o digam os milhões de trabalhadores brasileiros, pais com filhos na escola, famílias cumpridoras de seus deveres e obrigações.

Para a grande maioria, claro, felicidade é ter algum sonho realizado, é concretizar o que está lá no fundo do coração, o tempo todo, cutucando e dizendo: “Vá lá, lute, você vai conseguir”.

Estas questões me vieram à tona, por causa de uma notícia que li na internet. Uma pesquisa concluiu que apenas 10% dos brasileiros estão completamente satisfeitos com a vida que levam. A pergunta feita a cinco mil brasileiros foi: “você se sente satisfeito com sua vida?”

A pesquisa informa que, apesar de tudo, o brasileiro é otimista: 87% acreditam que sua vida será melhor no futuro. Será? Quando for aposentado, neste país que não tem respeito pelo idoso? Bem poucos contam com uma aposentadoria digna, que propicie uma vida confortável, com viagens e alguns pequenos luxos.

Imagine, olhe eu aqui, falando em “pequenos luxos”. Penso que o luxo do aposentado é poder dormir um pouco mais. Sem muita coisa para fazer, dá para ver tevê até tarde da noite, sem hora para acordar no dia seguinte. Sim, um luxo.

A pesquisa aponta que para ter mais satisfação no futuro, o brasileiro gostaria de poder viajar, conhecer mais lugares nos próximos cinco anos. Esta foi a resposta de 79% dos entrevistados. Para um pouco mais da metade deles, ganhar mais dinheiro também faz parte dos planos. A falta de dinheiro é uma das causas de não se poder viver a vida ao máximo.

O que é viver a vida ao máximo? Para os brasileiros da pesquisa, é ter felicidade, é ser feliz. E a falta de dinheiro impede o acesso a esse nirvana da hora. A segunda palavra mais citada na pesquisa foi “amor”. Pode-se inferir que para ser feliz é preciso amor e dinheiro?

As mulheres são maioria nas respostas de que não estão vivendo a vida ao máximo. Também são as mulheres, mais que os homens, a se sentirem insatisfeitas com a vida social e profissional. Destas mulheres, mais da metade é solteira e 14% está desempregada.

Caro leitor, com algum conhecimento de psicologia pode-se afirmar que o homem é o mesmo, em qualquer época da história. Tirem dele o amor, o dinheiro, e ele está acabado… Sente-se infeliz e insatisfeito. Sem poder viajar, viver a vida ao máximo, nada faz sentido.

Pois penso que temos uma grande viagem dentro de nós, ainda que longe de um grande amor e sem nenhuma fortuna. Quantos pensam na felicidade só depois da casa nova, do carro novo, do cruzeiro sonhado. Não. Não suspiremos pelo amanhã. O belo é construir a felicidade a cada dia, é ser feliz agora, hoje, com o que se é e com o que se tem.

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