Abraçando o diabo

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O Partido dos Trabalhadores quer a cassação de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Justo. De fato, é inadmissível a continuidade desse corrupto e mentiroso de carteirinha ditar os rumos do País mancomunado com políticos e legendas que desejam o “quanto pior melhor” (para eles, claro) a fim de tirar suas vantagens pessoais e de grupos que os apoiam nos bastidores. O DEM e o PTB estão com Cunha e não abrem; ao que parece, o PSDB estava fechado com ele; recuou porque estava pegando mal, e também porque Cunha não recolhia os ridículos pedidos de “impeachment” contra a presidenta; e agora volta a abraçá-lo; ora dissimuladamente, ora na maior cara de pau. Sob os mais esdrúxulos argumentos. Ora, ora.

Pedir ajuda ao diabo para se dar bem na vida, embora comum para muitos cidadãos, tem seu preço. No caso tucano, o tiro sairá pela culatra ou será no próprio pé; e o preço a pagar será muito alto. Trocar apoio à não-cassação de Cunha pelo apoio ao “impeachment” de Dilma Rousseff pode denunciar as verdadeiras intenções de Aécio Neves, Alckmin e companhia: o poder pelo poder; o poder para, quem sabe, terminar um serviço inacabado no passado. (A entrega da Petrobrás ao capital especulativo nacional e internacional?).

 

Mídia cúmplice e irresponsável

Concomitantemente, parece que parte da mídia nativa nacional tem o seu papel de cumplicidade. Se assim não fosse, os tratamentos diferenciados em forma de manchetes sensacionalistas e garrafais não existiriam.(Quando se trata de políticos do Partido dos Trabalhadores envolvidos em escândalos é descomunal comparados com os de outros partidos, especialmente com os  do PSDB). Essa mídia precisa manter acesa a chama da indignação e da revolta de seu exército de desinformados; sem contar a operação abafa que desvirtua e confunde a opinião pública. A História irá julgá-los a todos; e os covardes morais terão seus dias de peso de consciência. Para o PSDB, um partido que abraçou o impeachment de Collor com o fim, ao que parece, de embarcar no poder e gozá-lo na sua plenitude, agora parece querer repetir o receituário através de um repertório que remete o País ao caos e à ingovernabilidade. A receita de minar a credibilidade de partidos e instituições parece ser o modus operandi mais utilizado da estratégia tucana de desestabilizar o governo mesmo que custe a desgraça da Nação.

Cria-se dificuldades para se vender facilidades. Parece abraçarem o diabo e asilar o povo em um mundo de confusão e carestia.

 

O neocoronelismo

A política da oposição, em especial a do PSDB, consiste em ridicularizar o PT e dificultar a sua administração do País; e, com o apoio da mídia amiga, desconstruir a sua imagem;  a atribuir a ele toda a corrupção do País e quiçá do Universo.

Sempre que se projeta desconstruir a imagem de uma pessoa, de uma instituição, de um político ou de um partido político a estratégia é sempre a mesma em todos os tempos: minar sua credibilidade associando-os à casos de corrupção. Estratégia largamente utilizada pelos nossos meios de comunicação a serviço das classes privilegiadas e dominantes; desde o Império, Velha e Nova Repúblicas; e também em nossos tempos atuais. Os neocoronéis – da mídia, do sistema financeiro e do sistema político  – continuam inconformados. Embustem tentando passar-se por pretensos “Salvadores da Pátria” e paladinos da honestidade; utilizam-se de jogos de cena e de palavras. Tudo com a eficiente retaguarda midiática jamais vista. Mentiras ardilosas insistente e planejadamente repetidas até que se tornem verdades inquestionáveis. Apoteose do absurdo e da imbecilidade patrocinado pelos que sempre mamaram nas tetas da Pátria e detiveram privilégios e benesses. Falsos patriotas a serviço da desmoralização do patriotismo. Por que será?

Enquanto isso, a chantagem política corre solta em Brasília, protagonizado por Eduardo Cunha. Idem, as barganhas políticas, representadas pelo mesmo Cunha e especialmente pelo PSDB, ao que parece. Fabricantes de vidro maleável. Claro que a máscara um dia cairia.

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Frase de hoje: “Como será possível construir um país com vícios do século 19, agora aperfeiçoados pela aliança com os meios de comunicação e novas tecnologias?” (Cecílio Elias Neto) 

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