Quem não tem cão…

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Bem, amigos! Aqui vai um texto destes para desopilar a alma cansada de guerra. Se a vaca foi pro brejo, precisamos agir rápido e tomar uma atitude, sabendo que uma andorinha só não faz verão.
   Nunca fui esperta demais e não sei usar direito a expressão “cobra criada”, pois temo ofender alguém. De tudo que já ouvi, fico com aquela frase da qual meu pai gostava tanto: “Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha”. Eu achava tanta graça nisso!
   Uma companheira de muitas viagens à praia, pândega até a medula, costumava chamar a atenção de todos, nas brincadeiras, dizendo que quem fala muito dá bom dia a cavalo. Ui! Acho que cumprimentei muitos equinos nesta vida eloquente.
   É bem verdade que o melhor mesmo é cada macaco no seu galho, fala sério. A fim de que não haja confusão nenhuma na hora da onça beber água. E que hora seria essa? Mas tem a outra água, a que o passarinho não bebe.
   Um amigo querido, padre Paschoal Rangel, mineiro, falecido há alguns anos, publicou um livro, Provérbios e Ditos Populares. Segundo ele, “os provérbios populares são oriundos do meio rural, ou seja, são nascidos em meio à gente simples da roça, frutos da observação empírica das pessoas que ali vivem. Nesse meio, existe um grande número de provérbios que tem como personagens os animais, em razão do fácil contato do homem do campo com os bichos, como “cachorro cotó não atravessa pinguela”. Neste texto singelo presto-lhe uma pequena homenagem póstuma.
   Ah, mas por que temos de engolir sapos, às vezes? Tem gente que prefere cuspir fogo. Confesso que já “pratiquei” as duas situações e passei foi muito sufoco. Se cão que muito ladra não morde, é sempre boa a prudência de saber que em boca fechada não entra mosquito.
   Minha mãe gostava de dizer que cachorro de muito dono passa fome. E é verdade. A vida comprova isso. Temos de ter uma direção única, um objetivo e contar com nossa capacidade de realização. E confiar. Mas, se à noite todos os gatos são pardos, não vamos nos preocupar demais com o supérfluo. Trabalhar para o necessário. Afinal, para quem é bacalhau basta. Olha o preço do bacalhau hoje!
   Porém, como burro velho não perde a mania, eu também tenho as minhas. Nem pensar que caiu na rede é peixe. Não! Tem de batalhar muito, ainda que seja preciso receber alguns presentinhos da vida. Sabem como é: cavalo dado não se olha os dentes!
   Juntando um pouco aqui e um pouco ali, se diz que de grão em grão, a galinha enche o papo. Vale para tantas situações da vida! E se dois galos não cabem no mesmo poleiro, digo que dois bicudos não se beijam. Mesmo.
   Se uma vaca voasse, dizia um cunhado brincalhão para ocasiões específicas deste lamento. Sem querer puxar brasa para minha sardinha, eu competia com ele nestes ditos.
   Termino com um provérbio muito precioso, porque hoje eu estava mesmo no mato sem cachorro, sem saber por onde começar, com que texto encantar o leitor e usei de um recurso muito comum, recorrendo ao que já existe e já foi escrito à exaustão. Pois é: quem não tem cão, caça com gato…
Blog da autora: www.donavidablog.wordpress.com

1 comentário

  1. Antonio Henrique Antunes em 05/09/2019 às 16:30

    Cara Marisa,
    Ótima homenagem ao Pe. Paschoal Rangel.
    Todavia ele nasceu em Castelo-ES, portanto capixaba.
    Podia ser mineiro de coração, pois passou a maior parte de sua vida em Minas Gerais.
    Abraços,
    Antonio Henrique.

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