Vasto mundo

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Ocorre-me, frequentemente, pensar no sentido da vida e no significado do mundo. A velha e boa pergunta: de onde viemos, para onde vamos e o que estamos fazendo aqui, no planeta azul. Acontecem coisas boas e coisas ruins a todos nós, não temos controle sobre a maior parte destes fatos e aceitamos sua sequência cósmica sem reclamar.

Neste vasto mundo de tragédias e espetáculos, de países atormentados pelo terrorismo, pela seca ou pela fome, nesta terra de tantas faces, neste solo onde fincamos nossa esperança, buscamos o equilíbrio necessário para enfrentar de tudo.  Alegria, mágoa, dor, luta, sofrimento e o imponderável da vida, qual seja sua forma de ação.

A vida apresenta-nos a bondade diária do sol. Minha mãe costumava dizer que “o sol Deus dá”, e o resto cabe a nós fazermos, realizar, dar conta de tudo, pois o dia é comprido e nele cabem todas as nossas tarefas. Se Deus nos dá a graça cotidiana do astro-rei, descontemos os dias nublados em que nos pomos, quietos, a refletir sobre o vasto mundo à nossa frente e dentro de nós.

A vastidão física do mundo se confunde, às vezes, com nosso universo interior, quando nos julgamos pequenos demais ou muito irrelevantes. Fazemos, então, a dolorosa comparação da nossa vida, da nossa realidade individual com a aparente felicidade do que acontece lá fora, com as luzes da ribalta que não se apagam nunca, as redes sociais onde parece reinar todo tipo de sucesso e de uma festa interminável.

Neste vasto mundo, sobretudo no mundo real, toda celebração tem hora para começar e acabar. As luzes do salão se apagam e voltamos para a nossa rotina nem sempre esfuziante. Com o passar do tempo, e com a chegada da maturidade, compreendemos melhor esta vastidão interna que tem ressonância na nossa vida afetiva.

Voltando ao arroz com feijão do trivial cotidiano, tudo se acalma. Temos nossa casa, nosso cantinho neste mundo, nossa cama aconchegante, nosso quarto bem arrumado, nossas coisas amadas, nosso reino pessoal, tudo nos devidos lugares e a paz nos assegura o bem. Sentimo-nos abençoados, se tudo está de acordo com a sensação íntima e avassaladora de certas horas.

São muitas as sensibilidades terrenas, desde que nascemos. Do primeiro vagido até a mais recente emoção. E no intervalo desta epopeia, passa um filme na nossa cabeça, como se costuma dizer. Da alegria de subir num palco, aos 18 anos, para cantar num festival de música, até o último adeus à pessoa amada, vai um longo tempo de sensações, de vastas horas vividas sob o céu que nos protege.

Vasto mundo! Se eu me chamasse Raimundo…

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