Campeonato de poluição, farra do bode?

Há poucos dias, numa explicação esfarrapada – no hábito que parece ter-se criado de menosprezar a inteligência do leitor e do povo – o setor de comunicação da Prefeitura tentou explicar a poluição visual oficial nas ruas da cidade, com outdoors de divulgação de obras da Prefeitura. A fazer, fazendo e já concluídas. Primeira parte da estapafúrdia explicação: a Prefeitura, por lei da atual administração, tem que mostrar quem faz, como faz e o preço da obra. E as placas seriam, ainda conforme a falácia, de responsabilidade das empresas vencedoras das licitações. No caso de Piracicaba, grande parte delas de empresas do empresário Abel Pereira ou a eles vinculadas. Loga, pelo raciocínio esdrúxulo, se a poluição visual continua, a responsabilidade é das empreiteiras. E, como conclusão, a Prefeitura não vê, não fiscaliza, não pune. Conivente, portanto. Por convir.

O campeonato de poluição continua também em relação aos aparelhos comerciais de som, com decibéis que atormentam e enlouquecem a população. E, enquanto há debates sobre a presença de ambulantes ilegais com suas vendas irregulares, há silêncio em relação a casas comerciais absolutamente legalizadas e regularizadas que, no entanto, faltam com o respeito para com a população em relação à poluição sonora. E, nesse campeonato, infelizmente, uma das casas mais simpáticas e poderosas, a Casas Bahia, acabará por vencer o campeonato da poluidora-mór, da que mais desrespeita a lei do silêncio, a qualidade de vida e o sossego dos piracicabanos, a partir do caminhão de som que a divulga, um espetáculo de vulgaridade, de acinte e de respeito, tal o insuportável volume de som, de ruídos, incluindo rojões, com que infernizou os piracicabanos na noite de sexta-feira.

Se o exemplo não vier de cima, os pequenos não podem ser responsabilizados pelos pequenos deslizes que cometem. As espreiteiras continuam poluindo a cidade com a farsa da divulgação das obras da Prefeitura. E a Casas Bahia deve, pelo menos, desculpas ao povo desta judiada terra, pela infernização de que fomos vítima por aquele caminhão de som, como que um trio-elétrico poluidor.

Está virando a farra do bode. Mas Piracicaba já ganha notoriedade em todo o mundo por ser o berço de um outro tempo: o biocombustível. Como conciliar barbárie e civilidade?

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