Homem, mulher, vice-versa

Está cada vez mais difícil ser homem, branco, heterossexual. É como se alguém assim fosse espécime em extinção. Se se é homem, as ofensas e o desprezo surgem de imediato: macho e machista, atrevido, metido a besta, defeito da natureza. Se se é branco, o preconceito é imediato: branquela, colonizador, escravista, decadente. E se, além de homem e branco, é heterossexual, eis o pasmo que se desperta: “Conservador, superado, ultrapassado.” Pois os tempos são das minorias: negros, índios, lésbicas, gays, e uns que adotam qualificativos esquisitos, como transgêneros, além de travestis, transexuais, que, de quando em quando, confundo com transgênicos. Negros, no entanto, já são maioria. E, pelo visto, homossexuais estão próximos disso…

Se um homem – homem de antigamente, digamos — não pertencer a algum movimento “gay”, se não participar de passeatas do “Orgulho Gay”, eis que se torna um desgraçado para o resto da vida. Basta nãos ser gay para se tornar suspeito. Não se sabe de quê. Mas é. Assim, estava sendo superada a milenar história de homem e mulher, do casalzinho, do conquistador e da conquistada, da caça e do caçador, da caverna, do romance, do amor cortês, da tampa e da panela, da outra metade da laranja. Estava. Pois homens e mulheres começam a atentar para algo alarmante: faltam homens na praça. E mulheres, também. Talvez, retomemos o começo da história, Eva, Adão, o Paraíso, a maçã, a maldita serpente…

Preconceito contra homossexuais – como qualquer preconceito — é odioso. Eles, porém, estão querendo demais, desrespeitando os outros. Exigem não apenas que os reconheçamos, mas que concordemos com eles e os aplaudamos. Respeitá-los não significa aceitar ou concordar. Há que se compreender, que se entender, que ter tolerância. Aceitação e aplauso são outra coisa. Exageros há que não merecem sequer respeito. Quando se vêem grupos de travestis com gritos histéricos e roupas agressivas, amputados e siliconados – não há o que aplaudir. Nem o que aceitar. Falta-nos, a todos, o mais generoso dos sentimentos: a compaixão. Mas falar dela passou a ser politicamente incorreto.

O Papa João Paulo II – que não se cansou de surpreender o mundo – foi uma das personalidades mais detestadas por esse universo digamos “gay”. João Paulo traçou, na tradição da Igreja, uma ordem moral da qual não abriu mão. Isso enlouqueceu os libertários do sexo que desejam uma igreja também “gay”. Só que, em vez de inventarem uma, queriam a submissão de Roma, talvez aproveitando-se de, dentro dela, haver simpatizantes que, coincidentemente, cultivavam a pedofilia.

Pois bem. O Papa João Paulo II, à sua época, advertiu os seminários para uma maior atenção ao que chamou de “desvios afetivos”. Ou seja: Sua Santidade – que não fez concessões a modismos morais – deixou clara a existência de uma lógica, para ele, no comportamento e na vida afetiva das pessoas. Devia estar certo. Pois, assim não fosse, não existiriam aberrações, desvios, doenças, enfermidades sexuais. Mas o mundo “gay” entrou em polvorosa: “o que são desvios afetivos?”

A resposta, também à época, veio da Hungria: um casal – homem e mulher, explique-se – resolveu submeter-se a uma cirurgia de mudança de sexos. Ele, o marido, passou a ser mulher; ela, a mulher, passou a ser o marido. O que era homem ficou mulher, o que era mulher ficou homem. Ou como previu o grande Vieira: “o mar vai virar sertão, o sertão vai virar mar.” Se eu fosse criança, diante desse casal de húngaros, eu teria entendido: “se isso não é desvio afetivo, minha avó é bicicleta.” Bom dia.

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