Que a República desculpe, mas o dia é do XV

Por Edson Rontani

Por Edson Rontani

Foi Saldanha Marinho – e não Prudente de Moraes – o líder civilista que, algum tempo após a queda da monarquia, falou: “Esta não é a república dos meus sonhos.” Naquele dia 15 de Novembro de 1889, D. Pedro II havia sido derrubado, após 50 anos de governo monárquico. Sonhava-se com uma república nos moldes do que acontecera nos Estados Unidos. Muitos motivos e razões foram criados, mas o desastrado “Baile da Ilha Fiscal” se tornou a última gota d´água. Ninguém acreditou que outros bailes, ainda mais desastrados, passariam a acontecer. E que continuam até hoje, não mais na Ilha Fiscal, mas a partir da Ilha da Fantasia, de nome Brasília.

Neste 15 de novembro, haverá muitos festejos. Mas melancólicos porque apenas oficiais, festejos sem entusiasmo e participação populares. A América Latina configurou-se como um amontoado de “republiquetas”, repartido entre muitas oligarquias que agem monarquicamente, mas sem qualquer realeza. No entanto, todas se dizem repúblicas. E mentem.

Para Piracicaba, todavia, este 15 de Novembro é uma data especial, especialíssima, feita de emoções, lembranças, de paixões renovadas e de esperanças: o caipira querido e amado, o velhinho “Nhô Quim”, completa 100 anos. E com uma revelação importante e alvissareira: ele é, também, amado, querido, reverenciado pelas novas gerações que não conheceram a épica história quinzista e sua dramática odisséia. E que, mesmo assim, revelam uma paixão arrebatadora.

Fui privilegiado ao ser convidado a escrever um capítulo – exatamente o de número 15 – no livro elaborada por alunos e professores da UNIMEP, e tornado realidade pela editora B2, de Arnaldo Branco e seus companheiros. O trabalho verdadeiramente braçal – de pesquisas, de buscas – dos moços da universidade foi lapidado magistralmente pela editora, apresentando-se como uma jóia rara que passa a fazer parte da história piracicabana. O livro é um pouco do muito que o velho “Nhô Quim” merece.

Volto a insistir: mais do que um clube, mais do que times de futebol e de basquete, o XV é um patrimônio cultural piracicabano. Qual parte do país não ouviu falar do caipira adorável, o “Nhô Quim”? As novas gerações – apaixonadas por ele – precisam tratá-lo com cuidados e com reverência, pois, acima de tudo, o XV tem nobreza. Ele é o Senhor Quinze, que o caipira transformou em Senhor Quim; depois, em Sinhô Quim: e, finalmente, com o carinho e a intimidade que o amor permite, no adorável “Nhô Quim”.  Qual marca piracicabana é mais conhecida? Qual a ter maior identidade com o povo e com a cidade?

Portanto, que a República nos desculpe, mas este 15 de Novembro pertence ao E.C.XV de Novembro, ao XV, ao agora centenário “Nhô Quim”. O melhor que Piracicaba deveria fazer, penso eu, é deixar de ser “Noiva” para se tornar a esposa do velho “Nhô Quim.” Seria um casamento de fertilidade mágica. Bom dia.

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