Um bebê, uma árvore

BebêUma das mais criativas e belas iniciativas, em meu entender, tem sido essa de, a cada bebê que nasce em Piracicaba, plantar-se uma árvore. O projeto Plante Vida, iniciado em 2007 – com a participação de empresas, entidades, instituições – completou o plantio de mais de 13 mil árvores, vinculando-as à vida humana que chega com os bebês. E o admirável e elogiável é que, numa consciência ecológica que se vai ampliando e acentuando, há, cada vez mais, a entusiástica participação da comunidade, participando de cerimônias que se vão transformando em verdadeiros rituais de consagração à vida.

No final do século 19, Luiz de Queiroz havia dado o exemplo de amor e de respeito à natureza, ao criar, nas proximidades do Museu da Água, um grande parque com árvores, estendendo-se à casa, ainda hoje existente, à altura da Casa do Povoador. Naqueles espaços, Luiz de Queiroz fez um jardim de aclimatação de essências estrangeiras às condições locais. Eram o carvalho europeu, o cinamomo, palmeiras imperiais, plátanos. E, onde hoje se encontra o Hotel Beira, era o famoso Parque Sachs, de André Sachs, um ecologista apaixonado antes mesmo de se falar de ecologia.

O parque da Santa Casa, criado por Phelippe Westin Cabral de Vasconcellos, o parque do Barão de Rezende – em grandes espaço da Vila Rezende e tendo o Mirante como centro de atraca – a ESALQ, entre outros, foram testemunhos de Piracicaba ser sido, desde as suas origens uma cidade que soube comungar com a natureza, respeitando-a e preservando o que de melhor temos, nosso estilo e qualidade de vida. Infelizmente, houve perdas sofríveis, especialmente com Luciano Guidotti, o grande construtor de avenidas, que matou o Parque do Barão de Serra Negra para construir o Estádio Municipal; que destruiu as palmeiras imperiais do Largo de São Benedito para construir uma fracassada prefeitura, projeto infeliz de João Chaddad, além da derrubada da histórica casa do Barão de Rezende, que recepcionou a Família Imperial ; e, também, a morte do Parque Sachs para a construção do Hotel Municipal.

O projeto Plante Vida vem ressarcir muitos dos crimes ambientais cometidos em momentos de insanidade e por governantes sem noção da dimensão ambientalista. E traz um simbolismo admirável, esse de cada bebê estar vinculado ao plantio de uma árvore, como se o umbigo de cada criança piracicabana voltasse à terra para, dela, novamente ser húmus de vida. Há que se cumprimentar o denodo do secretário de Meio Ambiente, Rogério Vidal, funcionário de carreira do município que, ao longo de diversas administrações, tem mantido o seu idealismo e sua paixão pelo meio ambiente.

Arriscamos uma sugestão, já que bebês e árvores começam a entrar em simbiose. Por que não se criarem Bosques da Saudade, onde se plantem árvores em memória dos que falecem, uma árvore para cada pessoa que se despede, como se na árvore permanecesse a história dela? Agências funerárias, hospitais, famílias, entidades poderiam apadrinhar essa homenagem póstuma que eternizaria até mesmo a memória do cidadão anônimo que passou pela vida muitas vezes heroicamente sem ser notado, sem ser reconhecido. Por que não, os Bosques da Saudade? Bom dia.

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