Vergonha, apenas perde quem tem.
Perdoem-me os que protestam contra os vereadores falando em vergonha ou falta de, diante de mais esse aumento de subsídios que provoca a ira popular. Vergonha, essa só perde quem a tem. E, na Câmara Municipal de Piracicaba – como, de resto, em todo o país – vergonha, respeito ao povo, a cargos que antigamente tinham dignidade, isso não existe mais. E faz tempo. Aliás, a classe política brasileira – e, novamente, insisto em haver exceções que, no entanto, pouco resolvem – degenerou por completo.
O que mais aumenta a repulsa e a indignação são a indiferença e o desprezo daqueles antes “nobres edis” em relação à comunidade. Fazem o que querem, como querem, quando querem – ao estilo das máfias às quais interessam apenas interesses pessoais e grupais. A Câmara Municipal – pelo pacto indecente de seus membro – tornou-se um verdadeiro covil. Ora, covil não é apenas lugar onde malfeitores se acolhem. É – e, nesse sentido, uso a palavra – uma toca de feras. A Câmara é essa toca, de verdadeiros lobos que perderam o senso de humanidade. São lobos insaciáveis, lobos famintos que vivem de sugar e devorar sangue, carne e alma dos que os elegeram. Os pérfidos individualismo e egoísmo dessa gente revelam, com plena transparência, como eles se agarram aos valores materialistas de nossa era caótica. E ignoram os sinais dos tempos, que anunciam, clamorosamente, o cansaço do povo, o desejo de retorno a valores e princípios que, a começar da classe política, estão soterrados.
A vereança era algo digno e enobrecedor, pois se tratava de homens e mulheres que, por espírito público, aceitavam representar o povo sem nada receber, sem nada ganhar. Agora – e isso é herança da tirania militar – ser vereador significa ter um emprego com altos privilégios, exercer uma profissão fartamente remunerada e com mínimas exigências. Se vergonha houvesse, eles não falariam que merecem os aumentos “pelo excesso de trabalho que fazem”. Mais do que cinismo, isso é obsceno. Logo, não se exija vergonha de onde e de quem ela não existe.
Na verdade, penso eu, deveríamos agradecer esses vereadores pelo testemunho vigoroso que deram da falência de uma classe, de instituições, de um arremedo de democracia neste país. No Paraguai, nossos irmãos encontraram uma arma para enfrentar os seus malfeitores da política: a vaia. Basta aparecer um político – onde quer que seja, onde esteja – e ele é vaiado. Nas ruas ou em recintos fechados. Mesmo já estando desmoralizado, não há quem resista a uma vaia. E, no século XVII, surgia a frase inscrita no busto de Arlequim,na Comédie Italienne de Paris, que se tornou lição e arma das pessoas justas: “Ridendo castigat mores”; rindo, castigam-se os maus costumes. A vaia e a gargalhada desmoralizam até mesmo quem não sabe o que é ter vergonha.
Nunca fui pessimista. Mas sinto, agora, não haver mais saída. Não se fala de vergonha onde ela não existe. A vaia, agora; o castigo – ou vingança? – pelas urnas, depois. No entanto, Piracicaba deve, em meu entender, render homenagens, prestigiar e estimular esse homem que se tem mostrado realmente digno de seu mandato, uma vela acesa de esperança em meio à escuridão: Paulo Camolese. Uma exceção não vence a maioria medíocre, é verdade. Mas deve ser alimentada e fortalecida, pois a boa semente sempre vem a brotar. Como a do trigo, que se multiplica para sufocar o joio. Tomara o poder não venha a contaminar o idealismo desse homem. Bom dia.
Grande Cecílio!!
Vi pela TV a sessão do dia 24 último e, como sempre, foi patético. Atento ao clamor popular, Paulo Camolesi votou contra o reajuste no salário dos vereadores, embora devesse votar a favor porque não se tratava de aumento, mas de reposição inflacionária, e ele já abriu mão do aumento de 66%. Os demais, desafiando a paciência da população – ou numa atitude de pura burrice política – votaram a favor. O três que usaram a tribuna para justificar o injustificável foram ridículos. O da oposição tentou se justificar, mas se borrou todo. O segundo, também da oposição se mostrou descompensado, arrogante e prepotente. Berrava feito moleque mimado, ridicularizou os cidadãos, que corajosamente lá estavam protestando em nome de uma sociedade omissa e covarde como é a piracicabana. Expôs de novo seu desequilíbrio emocional. Um sujeito desses precisa urgentemente de tratamento. A menos que estivesse tudo combinado – porque lá também se faz circo – e ele tenha aceito o ridículo papela. De qualquer modo, já cansou esse seu jeito de Hitler com destempero. Teve o disparate de mexer com o salário de um dos participantes, cidadão honesto que merece todo respeito e não recebe dinheiro público. O da situação se perdeu e chegou até chamar gente do plenário para brigar lá fora. Na segunda votação, eles lotaram o plenário de funcionários, capachos, bajuladores e demais interessados e não sobrou lugar para mais ninguém. Em questão de minutos votaram os aumentos e se mandaram. Às 20h30min já tava tudo escuro. Saíram correndo. Que tristeza isso tudo. O Brasil vai demorar muito para se tornar nação. Não temos ainda pessoas de moral em número suficiente para fazer valer a verdade e a justiça. Lá fora, o advogado da Câmara, o cerimonial, funcionários e até o fotografo – gente que recebe dinheiro do povo – batiam boca com a população, que protestava por ver cerceado seu direito de participação. Lamentável. Pensam que ficarão por cima a vida toda. Insensatos! Outra coisa é sobre nova vitória do caso Storel. É a luta do bem contra o mal. Não perceberam ainda que até agora o mal não ganhou uma parada sequer. Não dá pra entender uma Câmara que lê Bíblia e até expulsa quem não fica em pé, se deixar levar pelo rancor. E exceto Paulo Camolesi, de novo nenhum vereador se dispôs a protestar contra a injustiça cometida contra uma pessoa íntegra como é Storel. Portanto, em minha opinião nossos vereadores não passam de fartinhas do mesmo saco. São inúteis e desnecessários.
“A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.” Barão de Itararé (AparícioTorelli).
Sr. Cecílio, parece que o laercio trevisan (não errei, não, está sem as maiúsculas) aprontou de novo intimidando, essa semana, uma senhora na Rua São João (este está em maiúsculas). É só ver na página do Facebook do Reaja Piracicaba.