A cidade, economia e educação.

Há um justo e justificado sentimento de euforia diante do que já se passou a chamar “renascimento de Piracicaba”, a vitalidade econômica e produtiva a partir das nossas principais empresas, do biocombustível, das conquistas tecnológicas, da realidade sucroalcooleira revitalizada. São índices formidáveis, alentadores. No entanto – e a própria existência da ONG “Piracicaba 2010” é testemunho disso – índices de desenvolvimento não se medem apenas pela vitalidade econômica. Há países ricos, desenvolvidos, de economia fortíssima e, no entanto, de realidades profundamente injustas. Basta um olhar à China e à Índia, como exemplos.

Piracicaba é cidade privilegiada, com todas as condições para um desenvolvimento harmônico, auto-sustentável. Mas a nossa grande questão é de visão política. Sem um projeto de cidade – e é isso que o “Piracicaba 2010” propôs – qualquer forma de desenvolvimento econômico poderá perder-se em vista das distorções que a economia de mercado – se vista apenas como economia de mercado de forma fria e apenas lucrativa – produz. Qualidade de vida tem que ser um objetivo incansável a ser perseguido. E isso significa, antes de mais nada, justiça e consciência democrática, respeito e maturidade cívica.

A palavra-chave é educação. E que se entenda, por educação, algo mais amplo do que, apenas, o ensino formal, pois a escola não pode substituir a família e muito menos os pais. Há um impasse no mundo todo em relação à responsabilidade insubstituível da família. O mercado pelo simples mercado transformou as relações humanas, quase todas, em uma luta feroz de competitividade a qualquer preço. Mercado é competição, mas isso não significa a sua desumanização.

Piracicaba é cidade privilegiada, com estrutura suficiente para ser, novamente, modelar. A Província, nos próximos dias, apresentará comentários e informações de um relatório elaborado por Paulo de Moraes Barros e Aquilino Pacheco – respectivamente Presidente da Câmara e Intendente Municipal (prefeito) – revelador de quanto os homens públicos do passado tinham esse espírito de responsabilidade comunitária e solidária. Naquele documento, agora quando se fala tanto em espírito republicano, encontra-se um espelho fiel e verdadeiro do que foi o republicanismo brasileiro em suas origens, um republicanismo cujo berço foi, também, Piracicaba. A Educação estava no início de todas as atividades. Sem ela, a economia desanda. Sem ela, a economia se faz injusta pela impossibilidade de permitir o acesso de todos à produção e aos benefícios.

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