Reflexões de poeta sábio.

Em dias da semana do longo feriado, o poeta e intelectual Lino Vitti – nosso “príncipe dos poetas piracicabanos” – publicou, na imprensa local, um artigo que deve ser considerado como a reflexão que faltava à classe política e, em especial, à intelectualidade de nossa terra. Pois Lino Vitti – um militante da imprensa piracicabana, agora um observador especial em sua vida octogenária – refletiu a respeito do que não o fez a maioria dos jornalistas e também muitos daqueles que, mesmo por “hobby”, escrevem na imprensa local: o respeito que se deve ao presidente Lula e ao povo brasileiro após a esmagadora vitória do segundo turno das eleições.

Em linguagem poética, Lino Vitti poderia ter dito os versos camonianos: “Cesse tudo o que a antiga musa que um valor mais alto se alevanta.” E esse valor mais alto foi a decisão soberana do povo, o tal do zé-povinho tão desprezado pelas diversas elites que o Brasil têm sem que tais parcelas formem uma elite verdadeira. Pois elite verdadeira é aquilo que temos de melhor. E o que temos de melhor é colhido de todas as áreas, das diversas elites particularizadas.

O melhor do povo brasileiro se manifesta democraticamente, mesmo quando os políticos enganam os eleitores. Pois essa é a realidade que precisa ser entendida, a verdade com que temos de nos confrontar: o povo não se engana, é enganado. E se praticamente dois terços do eleitorado se manifestaram a favor de Lula temos que, com humildade e sem ranços, admitir seja a maioria do povo brasileiro que aclamou o seu presidente, tão caluniado, difamado, ridicularizado pelos “soi- disants” homens bons brasileiros. Houve quem tratasse Lula, na imprensa, como as madamas do Império tratavam os lacaios que lhes serviam nos salões festivos: com narizes empoados e empinados.

Esse segundo mandato de Lula pode ser – e Delfim Neto, ideologicamente insuspeito acaba de revelá-lo – um tempo realmente transformador do Brasil. Apesar dos ranços da antiga e sempre eterna UDN, o país foi colocado nos trilhos, o povo confia no seu presidente, um novo ânimo sopra na alma nacional. A maior tragédia brasileira aconteceria, agora, se roubasse a esperança do povo. A palavra de um poeta sábio, na vida piracicabana, soa como uma advertência e um convite ao desarmamento de espíritos.

Ora, há quem esteja pensando em “revanche no ano 2010”. Isso seria de um ridículo atroz, não soasse como pios de aves mau agoureiras.

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