Rua do Porto e ação de preboste.

Rara é a cidade que pode envaidecer-se de ter patrimônios geográficos e culturais, históricos como Piracicaba os têm em abundância. E, no entanto, raras são, também, as cidades que se lamentam de tanta desídia de governantes, de tanto menosprezo histórico e de tanta insensibilidade político-administrativa em relação a seus bens culturais. Hoje, pode-se afirmar, com todas as letras e sem receio de equívocos, que as tragédias na Rua do Porto e o menosprezo a essa que é a pia batismal de Piracicaba têm nome e tem responsáveis: o nome e a responsabilidade se identificam como Barjas Negri, esse cidadão que se vangloria de ser político experiente e com competência, mas que não consegue ocultar a sua arrogância, apetites insaciáveis e discutíveis, métodos condenáveis e falta de sensibilidade.

A Rua do Porto tem uma história de lutas e de conquistas, de grandes batalhas para manter a sua identidade histórica. Há que se lembrar e reconhecer nomes como Salgot Castillon, Cássio Padovani, João Herrmann Neto, Adilson Maluf e José Machado, prefeitos que compreenderam a importância histórico-cultural-turística dessa nossa “rua mãe”. Cada qual, em seu período administrativo, valorizou a Rua do Porto. Mas, com José Machado, houve a grande transformação da rua e do parque num centro realmente turístico e gastronômico, com o apoio fundamental da Petrobrás, uma conquista do PT e de João Herrmann Neto, não há como negar.

A esterilidade espiritual de Barjas Negri – conhecido por seus ódios pessoais e desrespeito a valores fundamentais – paralisou a Rua do Porto desde o início de sua administração marcada por escândalos e por realizações discutíveis, sempre obras físicas, de concreto, obras realizadas por empreiteiros e pouco do que se realiza com a arte e a cultura. A Rua do Porto é um espaço histórico e cultural. Isso não interessa a Barjas Negri, que tem, nessa área, companheiros apenas vinculados a compromissos políticos e sem visão e sensibilidade para com a cultura e a educação.

Ora, a Rua do Porto precisaria ter uma legislação especial pois é um patrimônio de Piracicaba, uma griffe e uma marca tão poderosa quanto a do próprio Nhô Quim, outro abandonado pelo poder público, como se o esporte não mais fosse veículo publicitário e desenvolvimentista dos mais poderosos. Houve paralisias provocadas pela atual administração. E mesmo a continuidade do apoio da Petrobrás se deu de maneira medíocre e hipócrita, programado para um ano eleitoral após interrupções lamentáveis, assaltos, assassínios, violências. A Rua do Porto, em fins de semana, é disputada palmo a palmo por turistas, de cidades vizinhas e de localidades mais distantes. Será que, por não significarem votos municipais, há que ignorá-los?

A Associação dos Moradores (AMOPORTO) não se cansa de apresentar projetos, propostas, tentativas de solução no sentido da segurança e da fiscalização. E nada consegue da Prefeitura, pois o alcaide Barjas Negri, em sua visão de gerente, não abre mão de um centralismo tirânico de quem busca se aproveitar de cada milímetro do poder. Cercado de uma equipe mediana, apoiado por forças cujos interesses nem sempre coincidem com os da população, o alcaide atua como os antigos prebostes que passaram pela Prefeitura. Com arrogância, não percebe que a destruição humana começa quando os deuses inoculam o vírus da vaidade e da crueldade em corações de pedra e almas confusas.

Rua do Porto e Nhô Quim, eis dois símbolos que refletem tempos de destruição, de pragmatismo interesseiro, de mercantilismo de idéias. E dizer que a ONG “Piracicaba 2010” aceitou administrar obras, sem se dar conta de que se torna cúmplice – por uma postura apenas asséptica e neutra – de um outro atentado moral à história e às tradições de Piracicaba.

 

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