Tapa na Igreja Metodista
Se, nas oportunísticas faces da cúpula da Igreja Metodista, houver uma mínima capacidade de ruborizar, essa vermelhidão de vergonha ou de arrependimento terá a oportunidade de reaparecer diante da vingança da História. Pois a homenagem que o Brasil presta a Almir de Souza Maia – na formatura da primeira Universidade Negra da América Latina – deveria ser motivo para a Igreja Metodista avermelhar-se de vergonha até mesmo como mea culpa.
O ridículo cobre ainda mais a Igreja Metodista nesse momento em que o Brasil – na presença do presidente Lula, de ministros e ex-ministros, de personalidades internacionais – rende homenagens a um homem, Almir de Souza Maia, que tem sido enxovalhado pela cúpula da Igreja, por um ridículo e medíocre Conselho Diretor, e agredido por um quarteto vulgar que se aboletou no poder na Unimep. É a vingança da História: enquanto a Igreja Metodista faz a opção pelo pior e pelo mercado, o Brasil reconhece o valor de um homem que, na defesa de direitos e de minorias – numa visão cristã de universidade autônoma – honrou os valores metodistas a ponto de ombrear-se, nos tempos modernos, em espírito missionário, a Martha Watts.
Enquanto Davi Barros, chefiando o quarteto, é alvo de chacotas, de risos, recebendo o repúdio quase total de professores e de alunos, recebendo o prestígio e a cumplicidade de uma Igreja Metodista mediocrizada, Almir de Souza Maia – em solenidade ímpar na história da educação universitária do Brasil – está entre as poucas personalidades agraciadas por seu merecimento, por seu trabalho, por seu idealismo.
Enquanto o Presidente da República e ministros de Estado manifestam, a Almir de Souza Maia, os agradecimentos e as loas por trabalhos extraordinários desenvolvidos, a partir da Unimep, em favor dos mais sofridos, a Polícia Federal e o Ministério Público caçam o seu sucessor no IEP, o pragmático administrador de paredes Davi Barros, o eleito da nova Igreja Metodista, que mergulha na desmoralização.
Voltamos ao princípio: se sobrou capacidade de ruborizar-se nas faces comprometidas da cúpula da Igreja Metodista, a vermelhidão será insuportável. Sobrasse, também, um mínimo de humildade, a vergonha poderia redundar em retomada de posição. Pois aí está a resposta da Historia e da vida: enquanto Davi Barros é ridicularizado, Almir de Souza Maia – depois de injustiças e humilhações – é dignificado pelas mais altas personalidades da nação.
Rubor, porém, é para quem ainda tem noções de grandeza. Ou há quem já tenha visto Davi Barros e Sérgio Tavares ruborizarem-se?