Catedral e mercado, grandeza e pequenez

picture (4)Nem que fosse a propósito, teriam sido postas, de maneira tão clara e significativa, as duas faces contraditórias da Igreja Metodista em Piracicaba. De um lado, a face conhecida – feita de dignidade, de honradez, de serviço e missão – na obra de reforma e de restauração da Catedral Metodista, um patrimônio nacional. E, de outro, a destruição paulatina, proposital, diuturna que membros da mesma igreja promovem, designando Davi Barros como coronel da tropa de choque.

Mais do que uma contradição, mais do que um paradoxo, esses dois referenciais revelam, na verdade, uma luta interna entre metodistas, atingidos também pelo lastimável pragmatismo dos tempos, que buscam ganhos e lucros imediatos, nem que seja ao custo da perda definitiva do próprio caráter. Na Universidade, os promotores do caos pouco se estão importando com caráter, natureza, missão, responsabilidade social, credos educacionais. Importam-lhe as regras do mercado, ao espírito de igrejas mercantilistas que se tornam prósperas empresas no país, quase todas elas já alvo do fisco e da Justiça. Mas, na preservação e respeito à Catedral, mostra-se a face verdadeira, histórica e respeitável dessa mesma Igreja Metodista que se viu atingida pelos cascos das tropas de choque e pela ferocidade dos hunos morais.

Na vida, há mais do que simples coincidências. Há que se compreender os sinais que a própria vida emite: de alerta e de esperança, de atenção e de reprovação. Enquanto, na Unimep, valores são destruídos, loucuras não têm mais limites, a irresponsabilidade rompe regras e despreza preceitos, transformando um templo num mercado, vemos, em paralelo, homens de fé e fiéis honrarem um templo que se tornou Catedral. A igreja, um templo de fé, se tornou Catedral. A universidade, uma catedral do saber, está sendo transformada por Davi Barros e seu bando em mercado de todos os negócios, incluindo os mais ridículos.

Eis, pois, como que um grande sinal – e de esperança – postas, lado a lado, as duas faces de uma mesma igreja, que se debate em conflitos internos, vivendo, porém, a certeza de uma missão especial e santa: a da Catedral, como monumento de fé e de serviço; a da universidade apequenada por Davi Barros, um ninho que acolheu aventureiros e medíocres assemelhados a pardais devorantes.

O afastamento de Davi Barros é um imperativo da dignidade dessa Igreja Metodista que tem olhos e corações postos na dimensão das catedrais. Por outro lado, a manutenção de Davi Barros é, apenas, do interesse de poucos que transformam templos em mercados, conforme acontecia desde os tempos de Cristo. No fim daquela história, os mercadores do templo foram expulsos, por “raça de víboras, sepulcros caiados”. E, nessa história da Unimep, o final deve ser o mesmo. Pois não há como haver convivência entre honradas catedrais e indecentes mercados numa mesma instituição. E bom dia. (Ilustração: Araken Martins.)

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