Lulafóbicos e Perestroika

Fobias são medos. E alguns são patológicos. Em redações de alguns jornais e meios de comunicação, em alguns salões aristocráticos ou em círculos acadêmicos esclerosados, há uma nova obsessão com características cada vez mais graves no sentido de enfermidades: a Lulafobia. E, ao que tudo indica, esse medo a e de Lula já se aproxima do pânico, como síndrome, como sintoma, como resultado, tudo misturado.

O ex-presidente Lula está quieto em seu canto, “desencarnando do cargo”, como ele próprio pretendeu e pretende. Mas não deixa de ser uma personalidade de dimensão universal, estágio que chegou graças a uma vocação quase que inexplicável para a liderança, para o comando do povo. Parece que, quanto mais ausente, mais ele está presente, apesar de todos os esforços que os mesmos círculos fazem para –hipocritamente elogiando a presidenta Dilma, que faz realmente um grande governo – tentar apagar a sua imagem carismática, a paixão que ele desperta na população mais humilde.

Ora, de repente, todos os ressentidos se indignaram, revoltados e magoados porque o ex-presidente Lula – convidado a dar uma palestra a uma empresa poderosa na área de eletrônicos – recebeu um cachê de 200 mil reais. Foi como se os céus tivessem desabado: como, essa fortuna para uma palestra de um ex-operário; como alguém pode cobrar tanto para gente com mais conhecimento do que ele? Mas nenhuma dessas vozes indignadas se rebelou ao saber que, quando deixou a presidência da República, Fernando Henrique cobrava de 200 a 300 mil reais por palestra, além de ter recebido cerca de 200 milhões, de grandes empresários, para instalar seu instituto cultural. Fernando Henrique, ex-presidente, pode receber altos cachês, pois é um doutor, não é mesmo? Mas Lula, ex-presidente, não pode, por ser um ex-torneiro. Aliás, aqui mesmo no Brasil, pagaram-se cachês de 400 a 500 mil reais para uma palestrazinha de menos de uma hora de Bill Clinton e de Tony Blair.

Essa Lulofobia, felizmente, não é contagiante, pois o povo parece estar distanciando-se cada vez mais dos veículos tradicionais de comunicação. E são as redes sociais, os blogs, o twitter, os e-mails que estão saudando a grande honraria que, na Rússia, se presta ao ex-presidente Lula da Silva, que irá receber o Prêmio Perestroika (Reconstrução), instituído pela Fundação Gorbachev, a homens que prestaram inestimáveis serviços à humanidade. No Royal Alfred Hall, de Londres – palco dos mais significativos eventos mundiais –Lula receberá o prêmio ao lado Tim Berners- Lee, criador da internet, e de Martin Cooper, inventor do telefone celular. Será que haverá quem diga tratar-se de um prêmio costurado nos bastidores?

O pavor dos Lulafóbicos deve ter aumentado. Mas nada há que se possa fazer quando tolos querem apagar o sol com a peneira. A Lulafobia faz o Lulafóbico provar de seu próprio veneno. Bom dia.

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