Sexta-feira, 13

picture (1)Senti comichão, quase cócega, vontade de escrever sobre o envelhecimento de Piracicaba. Como eu gosto de tentações e quase nunca lhes ofereço resistência, reagi rápido. Bati três vezes na madeira: “Vade retro, Satana.” E escapei, por enquanto, pois esta cidade, como os seres vivos, chega ao fim de sua jornada tão brilhante para ficar à beira do colapso. Vejam, agora, o novo presente da tucanada para a terra de Prudente, de Sud e de tantos luminares: outro presídio. José Serra, através de seu discípulo local, gosta de transformar Piracicaba em cadeia.

Por enquanto, porém, fico quieto, pois decidi apenas participar de política se for para devolver, aos Orleans e Bragança, o trono do Brasil. Há reis e príncipes demais, majestade de menos. Inventamos a “república monárquica” e isso, como Frankenstein, ou é monstro ou não existe. Ora, se essa tragédia secular redundou numa “república monárquica” ou numa “monarquia republicana”, mais inteligente é devolver a coroa aos donos. Volto a insistir: meu candidato é João, trineto de D.Pedro II. Até pelo nome, já vale a pena: Antônio João Maria José Jorge Miguel Rafael Gabriel Gonzaga de Orleans e Bragança. E – não bastassem nome e realeza – ele é dono de uma fábrica de cachaça em Paraty.

Além do mais, aconteceu de ser sexta-feira, 13, dia malfadado ainda que caindo em março. Ora, supersticioso não o sou. Digamos que, apenas, esperto. Se quase ninguém acredita em bruxas e, mesmo assim, elas existem, mal não faz admitir como o Conselheiro Acácio: “Tudo é possível.” Coisas que não entendo, acho-as milagrosas. E, como não entendo quase nada, a vida e o mundo tornam-se-me fonte inesgotável de milagres. Por exemplo: se Collor e Sarney se tornaram amigões do Lula, por que não pode existir o saci-pererê? Os meus livros de São Cipriano servem para isso: prevenir, fazer, desfazer, remediar “coisa feita”. Hoje, é dia.

Por falar no santo, abro um parêntese. Só para lembrar do Du Gianetti, que anda fazendo falta. Há alguns anos, percebi umas encrencas em que ele ia nos meter. Recorri a São Cipriano e descobri uma oração contra “coisa feita” e a propus ao Du. Diz o seguinte, podem conferir no livro: “Eu ordeno pelo poder da magia negra, que obedeças a tudo o que eu ordeno: quero imediatamente que este palácio volte a ser como era antes e para golão traga matão, vais de pauto a chião, a molidão, pexela, ispera regra retragarão, onite protual fines! Abracabra.” O que significa não sei.

Por essas e aquelas – e, também, por fás e por nefas – tomei a liberdade de tirar do fundo do baú algumas contribuições para o prezado leitor e distinta leitora se acautelarem. Há cuidados a se ter. O primeiro: evitar o número 13. Lembram, a Santa Ceia? Nela, havia doze apóstolos e mais Jesus. Um se enforcou, outro morreu na cruz. Entre os escandinavos, a deusa do amor deles, Friga, tornou-se feiticeira e, em toda sexta feira, se reunia com onze bruxas e um demônio. Formavam, pois, 13 entidades. E fizeram o diabo. Ainda fazem.

De gato preto, nem se fale. Nem hoje, nem nunca. Correu mundo que o papa Inocêncio VIII mandou perseguir gatos pretos durante a Inquisição, assegurando serem bruxas disfarçadas. E outra cautela: não ficar debaixo de escada, pois isso, dizem, seria recusar os bons fluídos da pirâmide. Ah! e espelho quebrado: evite. Místicos antigos garantiam que espelho aprisiona a imagem da pessoa. Se quebrar, quebra-se a alma, um horror.

Por fim, confesso não saber os efeitos da oração de São Cipriano que sugeri ao Du. Mas, por cautela, não custa, hoje, promover umas rezas bravas na esquina da praça. Com pé de coelho, trevo de quatro folhas, ferradura e figa. Ou, então, fazer fogueira e queimar a bruxa que, através do prefeito, resolveu trazer mais uma prisão para Piracicaba. Escolas de menos, prisões de mais. Coisas de sexta-feira 13. Bom dia.

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