Trânsito, São Cipriano e bruxaria

picture (21)Há anos, insisto: coisas que não entendo, acho-as milagrosas. E, como não entendo quase nada, a vida e o mundo tornam-se-me fonte inesgotável de milagres. Toda vez que me dá na telha abrir o livro de São Cipriano, deslumbro-me. Tenho dois deles, não sei qual o melhor: “São Cipriano, o Legítimo”, e “O Tradicional Livro Negro de São Cipriano”.

Nessas coisas de mistério, São Cipriano está entre os meus preferidos. E ler sobre a cabala? Uns dizem ser aprendizados esotéricos surgidos no Século XIII, entre franceses e espanhóis. Para outros, a cabala, Moisés também a recebeu no Monte Sinai. Disso, nada sei, mas, de tão misteriosa, cabala dá-me arrepios, de eriçar pelos do braço, como o Bóris Karloff. E os números?

Isso é tão sério que ando tentado a estudar matemática de novo, tentar. Pois os números descobri terem fascínios também arrepiantes. Ora, tenho traumas deles. Ainda hoje, desperto com pesadelos, suores frios, o pavor de professores de matemática e de desenho. Nas provas escolares, posso dizer que os números eram-me mistérios dolorosos. Começo a descobrir possam ser mistérios gozosos.

Malba Tahan já nos revelara maravilhas que se fazem com eles, os números. Na juventude, porém, ninguém me mostrara a essência cabalística, misteriosa deles. Ficava-se, apenas e “en passant”, em questões tidas quase que supersticiosas. Como, por exemplo, que o número da besta é o 666. E daí? Eu pensava fosse, o 666, centena de jogo-do-bicho e que, portanto, a besta podia dar na cabeça, primeiro prêmio. E até pode. Agora, porém, começo a me preocupar: números regem o mundo. Pitágoras já falava disso e eu não acreditei, ora, veja.

Não se trata de magias de Paulo Coelho. Muito menos de “best sellers” da Ediouro. Números – começo a entender – falam de coisas do outro lado, do Além, de mundos desconhecidos. Podes crer, irmão. Descobri, por exemplo, que 801 simboliza Cristo, o primeiro e último, princípio e fim, plenitude, perfeição. Quem inventou ou descobriu, não sei. Mas aprendi ser assim: letra A= 1, ?(ômega)=800. Somou, 801, pá, buf! Não é de arrepiar? Pois é.

Escrevi dessa minhja preocupação quando o Du Gianetti era responsável pela Secretariia de Transito de Piracicaba, aliás, moço e trabalho que deixaram saudade. E repito tudo para o atual titular dessa esquisita adoração por semáforos, ou há algo que ninguém entende? Eu dizia e insisto a respeito do número preocupante: 60. Toda vez que vou a Campinas, a outras cidades maiores que Piracicaba, entro nas avenidas e penso no todo poderoso chefão do Trânsito de Piracicaba. Ainda pergunto: por que você não trocam o 60km/h por 70, se metrópoles já fazem isso? Para mim, a questão é de boa vontade, de competência ou de arrecadação. Seja o que for, é a plebe rude que apanha e paga. Mas e o que significa esse tão atraente número 60?

Vamos lá: o número 100 é dos mártires, a perfeição. Por isso é que, quando se desgarra uma só ovelha, há que se ir atrás dela, para não ficar em 99. O número 30 é dos casados. E, eis aí: o número 60 é das viúvas! Logo, tem, pelo menos, viúva no pedaço. Mas, para ajudar o pessoal da Semuttran a mudar de idéia, recorro à reza brava de São Cipriano, no “Legítimo”:

“Eu ordeno pelo poder da magia negra, que obedeças a tudo o que eu ordeno: quero imediatamente que este palácio volte a ser como era antes e para golão traga matão, vais de pauto a chião, a molidão, pexela, ispera regra retragarão, onite protual fines! Abracabra.”

O que significa continuo não sabendo. E bom dia.

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