Aberta a caixa de Pandora.

Davi Ferreira Barros, entre os males todos que têm cometido – e não importam apoios corporativos que esteja ou venha a receber – cometeu o mais grave: ele abriu a caixa de Pandora, guardada a sete chaves nas criptas da Igreja Metodista. Pois o sagrado tem seus segredos, mistérios, que precisam se manter invioláveis para manterem-se sagrados.

Apenas para lembrar, mesmo porque parece que, na atual filosofia do IEP, o menos com se que se preocupam seus mentores é o sagrado. Só, pois, para lembrar: Pandora, no mito criado por Hesíodo, foi a primeira mulher, nascida, por ordem de Zeus, com o auxílio de todos os deuses, especialmente por Atena. Cada deus lhe deu suas graças, mas Hermes lhe colocou no coração a mentira e a astúcia. E Zeus a destinou à punição da raça humana. Pandora surgiria para a desgraça. E ela carregava a caixa ou o vaso onde estavam todos os males. Para resumir: quando um apaixonado de Pandora, Epimeteu, abriu o vaso, todos os males do mundo escaparam, espalhando-se entre os homens. Só ficou, no fundo do vasilhame, a esperança. Assim também, para os loucos e suicidas que mexem com o sagrado, apenas a esperança resta, como pobre consolação. Porque esperança não passa de esperança.

Davi Ferreira Barros expôs, como já havíamos alertado numa dessas colunas, as vísceras da Unimep, do IEP e, por conseguinte, da Igreja Metodista. É como, em má comparação bíblica, dizer que ele se atreveu a comer do fruto proibido, no mistério da árvore do conhecimento. Ora, todas as instituições têm seus segredos. Incluindo os financeiros. E, agora, o Ministério Público – diante da falta de acordo entre professores e Davi Barros, diante da intransigência deste que parece querer submeter a todos com sua arrogância e prepotência – exige a abertura de contas do IEP e, por conseguinte, contas metodistas, incluindo, certamente, esquisitos pagamentos a condomínios, aluguéis, donativos, construções. Davi Barros – que parece, com seus áulicos, amigos e parentela, formar a corte do rei Davi – não se apercebe disso. Ou não tem capacidade psicológica para disso se aperceber, sabe-se lá.

Aberta a caixa, os males se espalham. E restará, apenas, a esperança. No caso, a de que a própria Igreja Metodista dê um basta a esse período de atribulação que, para nos atermos ainda a temas mitológicos, se assemelha a sons de cascos de centauro pisoteando o chão. O mal de abatimento moral que Davi está fazendo ninguém ainda fez. À instituição e à Igreja Metodista, pelo menos em Piracicaba. Quando comitivas metodistas vierem em sua solidariedade, seria bom refletir-se, também, sobre suicídio coletivo. Aliás, os deuses, quando querem destruir os homens, começam por lhes roubar a humildade.

Deixe uma resposta