Admirável mundo novo, sim.

Huxley não conseguiu prever por inteiro e nem poderia. Mas o seu admirável mundo novo é, sim, admirável e novo, espantoso nas imensas possibilidades que oferece e que descortina, apesar de tantos conflitos, equívocos e tragédias. As vitórias da ciência e da tecnologia conduzem-nos, inexoravelmente, para uma convivência mais ampla e mais fraterna, ainda que os equivocados vivam suas desesperanças e seus desânimos. Falta, ao homem, sabedoria para fazer uso da ciência que apenas será boa ou será má conforme o destino que lhe demos. A internet é esse milagre transformador que, com velocidade impossível de ser acompanhada, transforma tudo, ainda que levantando muita poeira.

Minha opinião, hoje, é de pai e de avô. Tenho filhos e netos nos Estados Unidos, em Brasília, em Marília, em Itu. E, diariamente, mantenho contato com todos eles, num simples clicar de botão, na tela da webcam, em algo que me empolga e me envolve admiravelmente, a mim que vi carroção de boi e que fiz jornalismo com letrinhas de chumbo, uma a uma compostas a mão.

A respeito do livro “Dicionário do Dialeto Caipiracicabano”, a TV Globo me honrou novamente – e deu ênfase aos grandes valores culturais desta terra amada – com alguns minutos em seu programa nacional e de alcance internacional,o Bom Dia, Brasil. Eu não sabia quando o programa iria ao ar. E, de repente, chegaram telefones de todas as partes, nesse poder tentacular que tem a Globo de se espalhar pelo mundo. Do Texas, uma filha me telefonou, dizendo ter visto o programa. No Canadá, uma amiga telefonou a uma outra filha minha, na Carolina do Norte, para dizer que o pai caipira estava no ar. E os netinhos puderam ver o avô ao vivo e em cores, numa distância de milhares de quilômetros e com diferença apenas de fuso horário.

A explosão da comunicação pela web parece a concretização daquelas mágicas e magias que nos foram, primeiro, reveladas pela Bíblia: “Fiat lux.” E a luz se fez. Ou como o mistério das lendas e histórias milenares: “Abre-te, Sésamo.” O milagre se faz. Falta-nos, apenas e o que é principal, a sabedoria de saber usufruir com grandeza dessas maravilhas do admirável mundo novo, sim.

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