O medíocre hiato metodista em Piracicaba.

Há sinais de que setores mais responsáveis e secularmente sérios da Igreja Metodista começam a se dar conta dos estragos e prejuízos causados pela aventura capitaneada por Davi Ferreira Barros, arvorando-se em líder religioso e intelectual. Davi Barros não é e nem foi isso a que foi conduzido por setores popularescos com uma igreja com história feita de seriedades e de compromissos históricos. O preço dessa aventura populista, inspirada em messianismos de mercado – claramente inspirados no sucesso de seitas ditas evangélicas, mas apenas comerciais – foi alto demais, perdas graves e sérias, mas reversíveis. Pois a Igreja Metodista, antes de mais nada, tem uma história de dignidade e de serviço responsável ao ser humano.

Davi Barros foi, é, tem sido a personalidade apropriada para esse tipo de aventura, feita de fanatismos, de mediocridade inspirada em confusos, difusos e, muitas vezes, perturbados “avisos de Deus”. O Conselho Diretor da UNIMEP (IEP) foi abalado quando teve, na presidência, um cidadão que conseguiu, de forma convincente e brilhante, conciliar o mundo presente e o futuro, a terra e o céu. O cidadão oferecia, aos evangélicos, seguros de vida em grupo, uma proteção em vida para que, em caso de morte, os fiéis fossem para o céu com segurança. Ninguém pensou em contradição de termos, mesmo porque o fanatismo é esperto ou dogmático. Davi Barros consegue, desde a mocidade, viver esses dois atributos: esperteza e dogmatismo. Pois, em sendo dogmático, ele se mostrou, sempre, suficientemente esperto para mudar de posições. O que ocorre com seu principal parceiro, Sérgio Tavares, economista disponível às chefias de plantão.

A Igreja Metodista séria começa a perceber que, por pleitos democráticos na composição de sua hierarquia, o popularesco e o oportunístico cobram preços muito altos. Messianismos de seitas são apenas temporários. E a Igreja Metodista tem uma história de quase meio milênio, quase que com 150 anos apenas em Piracicaba. A educação e o ensino metodistas – a partir de Piracicaba e de Miss Martha Watts – marcaram o Brasil, a partir de quando Prudente de Moraes os tomou como modelo para os paulistas. Davi Barros e seus seguidores não têm noção disso, pois não conseguem enxergar além do umbigo, onde está o estômago.

Ora, não há mais tergiversações a fazer, elucubrações, teorizações: Davi Barros e seus secretários são como cupins corroendo alicerces sólidos e seculares. É falta de caridade e de misericórdia, por exemplo, usar de Rinalva Cassiano como escudo, anciã com direito ao descanso e ao repouso. Davi e seu grupo não seriam aprovados em alguns exames mais sérios: clínicos, psicológicos, culturais, acadêmicos, legais, estatutários, jurídicos. A Polícia Federal já chamou Davi Barros para dizer de suspeitas de malandragens. E Sérgio Tavares confessou, de público, a tentativa de outras malandragens. Até juízes de Direito, professores da Unimep, foram colocados sob suspeita. E se torna suspeito que Promotores de Justiça, também professores naquela instituição, se mantenham calados diante de afrontas ao direito, à justiça e à moral exigida às instituições confessionais beneficiadas por lei.

Diga-se com todas as letras, tenha-se a coragem cívica de dizer: a Unimep está tomada por um bando de fanáticos e interesseiros comandados por Davi Ferreira Barros, algo doentio, profundamente ameaçador. A Igreja Metodista parece, enfim, estar percebendo. Mas quem tem que perceber, já e agora, é Piracicaba por seus valores mais sérios e responsáveis, nos quais parecem não se incluir poderes políticos, que fingem nada saber.

Davi Ferreira Barros não poderia dar mais do que isso que tem dado. E ele, em algum momento de lucidez, sabe o porquê de tanta mediocridade.

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