Ré comanda a Educação.

Em Brasília, lideranças do PSDB e do antigo PFL mobilizam-se, em ataques de moralismos, pedindo a renúncia e o afastamento de Renan Calheiros, da mesma forma como berraram, gritaram e espernearam diante de tudo o que diga respeito a suspeitas no governo Lula. Em Piracicaba, vozes ligadas a esses partidos fazem eco à pantomima, numa hipocrisia que beira o patético, pois poucas prefeituras foram atingidas, como a de Piracicaba, por escândalos como os das denominadas “máfias dos sanguessugas e das casinhas”, para citar apenas alguns. Pois escândalos não faltam, até mesmo em favorecimentos a pessoas que financiaram campanhas eleitorais.

O desplante, no entanto, acontece num dos setores mais sensíveis do governo, de quaisquer governos: o da Educação. Que, por sua natureza e missão, tem que ser exemplar, inatacável e insuspeito. A Secretária da Educação do município, Giselda Ercolin, deixou há muito de ser suspeita, para se tornar ré por um crime inadmissível aos que se arrogam a responsabilidade de educadores e, mais ainda, de comandar um projeto político educacional para o município. Giselda Ercolin já foi condenada, em primeira instância, no cível, pelo crime de plágio, no livro que pretendeu oferecer a Piracicaba, dizendo de nossa história e de nossos valores, aproveitando-se, no entanto, do trabalho intelectual de terceiros. Giselda “roubou” obra alheia e a Prefeitura conseguiu que o Fundef pagasse pelo furto e a preços muito altos, tão altos que o mercado livreiro estranhou.

Mesmo condenada e talvez por ter recorrido, Giselda Ercolin permaneceu no cargo, das mesma forma como permaneceram outros que foram postos em suspeitas em outros escândalos. E, agora, Giselda Ercolin é denunciada, pelo Ministério Público, pelo crime de plágio, tornando-se ré em processo criminal que corre na justiça da Comarca. A pergunta é simples: como é possível tal cidadã permanecer no cargo de Secretária da Educação de Piracicaba? Se fosse apenas secretária de educação do governo de Barjas Negri, não haveria do que se estranhar, pois é administração com ética própria e especial, adequada aos tempos. Mas é a Educação de Piracicaba que está em jogo, atingida por uma mancha que não pode ser suportada por pais e mães de família.

Com que autoridade moral Giselda Ecolin, ré em processo crime de plágio, falará a professores da rede de ensino, a pais, a mestres, a alunos? Os que esperneiam, nas nossas ruas e em nossos meios de comunicação, pela renúncia de Renan Calheiros ficarão em silêncio conivente com uma ré dirigindo a Educação em Piracicaba?

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