Terra de riquezas sem fim.

Sei que, para mim, este jornal eletrônico, esse sonho de ir construindo uma “enciclopédia piracicabana” – como que um relicário do que somos, do que temos, de uma história monumental – são os últimos de minha caminhada. E os últimos pelo que está a exigir-me de tempo,de forças, de saúde, de enfrentamentos. A PROVÍNCIA é, antes de mais nada, um espaço da memória dessa nossa região caipiracicabana. Parece simples, mas é muito, uma pretensão que acaba por se transformar em sonho e missão.

Pois bem. Piracicaba está entusiasmada com a frenética corrida provocada pela ótima e promissora revolução do etanol, berço e ninho que somos de todo esse desenvolvimento tecnológico e econômico. Há como que um frenesi, que se vai revelando até mesmo em euforias sociais, em eventos que estimulam exterioridades e futilidades quase sempre tolas. Mas, como se diz por aí, “faz parte”. E, no entanto, esse “fazer parte” pode estar encobrindo um perigo que se acentua e que atemoriza: os carros à frente dos bois; contar com o ovo antes de a galinha botar; atropelar pensando que se está apenas indo depressa. Não há desenvolvimento sem harmonia. E isso já aconteceu com Piracicaba nos 1970, quando, em nome do Proálcool, tivemos inchaços assustadores, a favelização, o aumento da criminalidade, a miséria periférica, a quase perda de uma identidade conquistada ao longo de quase 250 anos.

Mas este comentário, esta opinião são menos de advertência e mais de entusiasmo.Pois, a cada vez que atualizamos o jornal com documentos e relatos de nossa história, mais nos encantamos com ela. E mais, também, entro, pessoalmente, em agonia, descobrindo a ignorância em que gerações foram postas diante das belezas de sua terra. Há maravilhas e riquezas culturais e espirituais sem fim em Piracicaba. Em outras duas matérias que divulgamos a partir de hoje – a arte e a construção da Igreja dos Frades, a retomada da Festa do Divino – reavaliamos toda essa beleza e nos amarguramos ao imaginar que, nas nossas escolas, esse tesouro piracicabano não é entregue, sistematizadamente, à infância e à adolescência.

Quanto mais o piracicabano souber de sua história, mais orgulhoso e envaidecido estará de sua cidade. Mas, acima disso, terá consciência ainda maior para lutar contra os que enganam, ludibriam e trapaceiam nossa gente. Cada pedaço de chão piracicabano é uma dádiva que precisa ser reverenciada. E, por ela, render graças.

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