Unimep em sua encruzilhada.

Uma notícia divulgada num pequeno espaço da imprensa paulistana contribuiu para aumentar as preocupações em torno dos destinos das universidades e escolas particulares do país, incluindo as confessionais. A informação foi de que o Colégio Batista, da sólida Igreja Batista Brasileira, está vendendo o seu prédio principal para quitar uma dívida de 14 milhões de reais. A crise do ensino brasileiro, em todos os níveis, é mais grave do que avaliam os que acompanham apenas à distância esse processo de deterioração.

Não interessa, agora, buscar as causas, que demandam ao governo Fernando Henrique Cardoso e que se agravaram com o presidente Lula, na criação por assim dizer indiscriminada dos centros universitários, muitos dos quais, enganosamente, se dizem “universidades”. Ora, tais centros de ensino superior são, na verdade, como que “colegiões”, com custos e responsabilidades menores do que as universidades. Pois, deles, de tais centros, não se exigem compromissos com pesquisa e extensão universitária, dando-se-lhes, apenas, a possibilidade de ministrarem cursos com a mesma autonomia que as universidades. Seria inevitável a crise, que atinge também as estaduais e federais, algemadas por dispositivos legais e dependências orçamentárias.

Neste final de semana, a Unimep tomará conhecimento de seu novo destino, com a decisão do Conselho Diretor em, nomeando o novo reitor – que também poderá acumular o cargo de diretor geral do IEP – poderá exigir, dele, uma flexibilidade maior em relação ao espírito que, até aqui, norteou aquela universidade, um exemplo de luta e de coerência, desde os seus primeiros passos, no já longínquo 1964. Que se registre, portanto: são mais de 40 anos de lutas e de conquistas, de idealismo e de perseverança.

Neste final de semana, a Unimep poderá estar diante da grande encruzilhada determinante: manter-se fiel à sua própria história – da qual Piracicaba e os benfeitores piracicabanos são parte, na busca de excelência universitária – ou a sua banalização, tornando-se apenas mais uma nessa lastimável corrida entre concorrentes da “educação de mercado”. Ora, encruzilhada tem o simbolismo de uma parada, de uma reflexão, de uma pausa para escolher o caminho: ir para a direita, para a esquerda, voltar, seguir em frente. É nessa encruzilhada que a Unimep se vê, a partir da decisão de seu Conselho Diretor que, como se sabe, deixará, em breve, de existir, seja qual for a decisão. E será pena se, extinguindo-se, deixar escombros de uma universidade que, até aqui, tem sido orgulho não apenas da Igreja Metodista, mas de Piracicaba e do ensino universitário deste país. Que Wesley inspire os que se afastam dos sonhos educacionais e missionários dele.

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