Universidades e colegiões.

Não foram muitos os que acreditaram fossem, Davi Barros e seu exército de Brancaleone, cumprir compromissos, acordos, entendimentos. E tivemos razão em duvidar, pois nos incluímos entre os que se mantêm, ainda, perplexos diante da imagem e da sinonímia de tropel de cascos, de invasão de hordas e, até mesmo, de formigas devoradoras em torrões de açúcar. Davi Barros e sua corte não respeitaram nada, desde o início. Nem mesmo os fundamentos básicos estabelecidos pela Igreja Metodista, em doutrina e documentos. A anterior a essa, ora no comando dos ataques a muralhas sagradas.

Davi Barros e seu exército nada mais fazem do que repetir o triste e lamentável momento histórico de 1985, quando fanáticos religiosos não se conformaram de a igreja metodista ser mantenedora de uma universidade que, por ser universidade no sentido mais amplo do conceito, tinha autonomia e consciência de sua responsabilidade de ensino, pesquisa e extensão. Para fanáticos fundamentalistas, o conhecimento é um perigo. Isso ocorreu em 1985 e, quando se pensava se tivesse imposto o rigor da ciência e da razão – também inspirado pela fé cristã, que não é conflitante com o conhecimento – vimos o retrocesso absurdo, dramático e doloroso. A Unimep foi sacudida por esse vendaval que teima em se manter, esquecido de que vendavais passam e que ruínas podem ser reconstruídas. Há, porém, o risco de se matar o essencial, quando, então, não haverá renascimento.

No segundo semestre deste 2007, as Faculdades Anhanguera, comunitárias, abrem suas portas. E, talvez, seja esse o desespero de Davi Barros e de sua milícia de Brancaleone, pois são faculdades simplificadas que ameaçam o projeto do neo-metodismo, em criar escolas de mercado. Davi Barros não tem visão e espírito universal para competir com verdadeiras universidades, no significado amplo e verdadeiro delas. São mais do que colegiões, como os que se espalham pelo Brasil, mas assumidamente. Ora, não há que se lamentar do surgimento de faculdades, centros de ensino, que se vão multiplicando. Há que se lamentar sejam confundidos com universidades, que isso não são. E a Unimep já está próxima do seu limite: deixa, com Davi Barros, de ser universidade e se aproxima de nivelar-se a colegiões.

Piracicaba saúda os centros comunitários de ensino, faculdades isoladas, essas tantas que se instalam na cidade e arredores. Mas o sonho piracicabano – pelo qual se lutou, aqui, em décadas de sofrimento no século 20 – é ter a sua universidade, a universidade piracicabana, que foi construída pelo idealismo da vocação de um antigo e não desaparecido metodismo de que tanto nos orgulhamos. A Unimep foi, até Davi Barros, uma universidade verdadeira, altiva, eficiente e séria, vivenciando o espírito de universalidade que inspirou, ainda nos tempos carolíngios, as escolas catedralícias. Eram templos do saber. Com autonomia, seriedade e idealismo, conquistados com com sangue no exemplo luminoso da Universidade de Paris, ainda no século XIII.

A Unimep foi esse templo de ensino, de pesquisa e de extensão até recentemente. Com Davi Barros, a proposta é a queda do ensino – pela sistema tentativa de desqualificar professores e cursos – o serviço ao mercado. Não há universidade no mercado, pois, no mercado, não há humanismo. E universidades são, acima de tudo, templos de humanismo.

A Igreja Metodista é culpada por ter-se deixado derrotar pela mediocridade e pelo fanatismo. Mas há sinais de reação, de indignação crescente. A Unimep, com Davi Barros, não é Unimep; nem a Igreja Metodista, com um grupo fanático, é a mesma. Estamos diante do “Colegião da Seita Metodista de Davi”. E isso não interessa a Piracicaba. Faculdades sem pesquisa e sem extensão, sem universalismos, já as começamos a ter em números suficiente para atender à demanda do tal mercado.

Os tempos são de urgente, rápido e profundo retorno às humanidades. Com Davi Barros, a Unimep foi mediocrizada. Esse modelo, a partir de julho, enfrentará um modelo mais eficiente e experiente em ensinamento pragmático. Se não é mais universidade, por quê estudar na Unimep, se há cursos mais baratos na Anhanguera? A pressa de Davi Barros em matar rápido a Unimep está no receio de não competir, em preços, com as concorrentes já consolidadas. Em julho, a visão de Davi Barros e sua coorte revelar-se-á em toda a sua trágica miopia.

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